Coalizão expande preparativos para Ucrânia no pós-trégua, diz premiê do Reino Unido
Por Michael Holden e Elizabeth Piper
LONDRES (Reuters) - O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, disse neste sábado que as nações europeias e os aliados ocidentais estavam intensificando os preparativos para apoiar a Ucrânia caso haja um acordo de paz com a Rússia, com os chefes de defesa firmando "planos robustos" na próxima semana.
Starmer organizou uma reunião virtual para obter apoio de aliados para aumentar a pressão sobre o presidente russo, Vladimir Putin, para que o acordo de cessar-fogo promovido pelo presidente dos EUA, Donald Trump, seja aceito e para firmar compromissos que garantam qualquer acordo -- algo que Trump deixou claro que espera que a Europa assuma.
Cerca de duas dezenas de líderes participaram da conversa, incluindo os de Alemanha, França, Itália, Canadá e Austrália, bem como o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy e o secretário-geral da Otan. Os EUA não participaram.
Starmer disse que a "coalizão dos dispostos" reafirmou seu compromisso tanto em apoiar a Ucrânia enquanto ela resiste à invasão russa de três anos, quanto em garantir qualquer cessar-fogo que surja das propostas de Trump.
Embora a Rússia tenha acolhido a proposta de cessar-fogo em princípio, o país também apresentou uma lista de condições que essencialmente reafirmam seus objetivos de guerra, sugerindo que qualquer acordo não será alcançado rapidamente.
Starmer disse aos repórteres: "Concordamos que continuaremos aumentando a pressão sobre a Rússia, manteremos o fluxo de ajuda militar para a Ucrânia e continuaremos reforçando as restrições à economia russa para enfraquecer a máquina de guerra de Putin e trazê-lo à mesa de negociações."
Instigados pela relutância de Trump em continuar garantindo a segurança da Europa e da Ucrânia, outros países ocidentais foram forçados a mostrar que estão preparados para intervir.
"Nossos militares se reunirão na quinta-feira desta semana aqui no Reino Unido para colocar em prática planos fortes e robustos para apoiar um acordo de paz e garantir a segurança futura da Ucrânia", disse Starmer.
"O presidente Trump ofereceu a Putin o caminho para uma paz duradoura. Agora precisamos tornar isso uma realidade."
ZELENSKIY INSISTE EM GARANTIAS
Após a reunião, Zelenskiy disse que havia dito aos aliados ocidentais de Kiev que eles deveriam "definir uma posição clara sobre garantias de segurança", incluindo um compromisso de basear tropas em solo ucraniano.
"Esta é uma garantia de segurança para a Ucrânia e uma garantia de segurança para a Europa", disse ele em uma postagem no X.
Reino Unido e França disseram que poderiam enviar forças de paz para a Ucrânia no caso de um acordo de cessar-fogo. O primeiro-ministro australiano Anthony Albanese disse após a reunião que seu país também estava aberto a pedidos para contribuir com um futuro esforço de manutenção da paz.
Mas, mesmo que um cessar-fogo seja acordado, ainda há muita incerteza.
A Rússia disse explicitamente que não aceitará que forças ocidentais sejam enviadas para solo ucraniano.
Starmer afirmou que, para impedir Putin de atacar novamente, não há alternativa a um "apoio" de segurança de Washington, cujas forças e infraestrutura são a espinha dorsal da aliança ocidental da Otan.
"Isso precisa ser feito em conjunto com os EUA... Estamos conversando com os EUA diariamente", disse.
Os países ocidentais têm se esforçado para encontrar maneiras de ajudar os ucranianos desde que Trump derrubou o apoio incondicional de Washington à Ucrânia e abriu negociações com a Rússia, com o objetivo de encerrar a guerra e restaurar os laços.
Trump disse que havia uma "chance muito boa" de a guerra chegar ao fim depois que seu enviado, Steve Witkoff, se encontrou com Putin em Moscou na quinta-feira.
Mas Putin afirmou que quer que a Ucrânia abandone suas ambições de se juntar à Otan. Além disso, Moscou quer controlar a totalidade das quatro regiões ucranianas reivindicadas como suas e deseja que o tamanho do exército ucraniano seja limitado. As exigências são rejeitadas por Kiev.
Starmer disse que a resposta de Putin não foi boa o suficiente, mas que, mais cedo ou mais tarde, ele teria que se sentar à mesa de negociações.
"A Rússia não dá a impressão de querer a paz a sério", disse o presidente francês Emmanuel Macron após a reunião. Em vez de responder à proposta liderada pelos EUA, ela estava intensificando seu ataque, disse Macron.
"O presidente Putin quer obter tudo -- depois negociar. Se quisermos paz, a Rússia deve responder claramente e a pressão deve ser clara, em coordenação com os EUA, para chegar a um cessar-fogo."
(Reportagem de Elizabeth Piper, Michael Holden, Dan Peleschuk, Michel Rose e Kirsty Needham)
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.