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Israel toma controle de barco palestino em protesto contra bloqueio em Gaza

29/05/2018 11h41

Um grupo de barcos de pesca palestinos partiu do porto de Gaza nesta terça-feira (29) para tentar furar o bloqueio imposto por Israel na região há mais de dez anos. À frente das embarcações estava um navio, que transportava um grupo de 20 pessoas doentes, estudantes e desempregados, que protestava contra as restrições impostas aos palestinos no enclave.

As forças israelenses tomaram rapidamente o controle do barco, assim que ele iniciou a travessia no final da manhã. De acordo com um comunicado do comitê que organizou o protesto, chamado de “Grande Marcha do Retorno”, os detalhes da operação não foram divulgados, mas o barco deve ser levado até o porto israelense de Ashod, perto da Faixa de Gaza. Desde o início, os organizadores sabiam que dificilmente a embarcação entraria em águas internacionais, mas o ato foi simbólico.

Israel impõe há dez anos um bloqueio terrestre, aéreo e marítimo na Faixa de Gaza, controlada pelo movimento islâmico Hamas desde 2007. A passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, é a único acesso entre Gaza e o mundo exterior. Ela foi reaberta em maio para o Ramadã, pela primeira vez desde 2013.

"A Grande Marcha do Retorno” é uma alusão ao ataque ao navio Mavi Marmara, em 2010. O barco turco, que integrava uma frota de seis barcos que carregava ajuda humani, tentou romper o bloqueio em Gaza, e foi atacado por militares israelenses. Dez pessoas morreram na ação, gerando uma ruptura diplomática entre a Turquia e Israel.

“Oito anos se passaram desde que o Mavi Marmara foi atacado, e, desde então, nada mudou. Esperamos que a comunidade internacional exerça pressão em Israel. Este barco deve ser protegido. Não queremos confrontos com a marinha israelense”, disse um dos organizadores da missão, Wajeh Abou Zarifa, em uma entrevista à RFI antes da chegada do barco à Gaza.

“O povo palestino não quer um enfrentamento, não queremos vítimas. A comunidade internacional e em particular os amigos de Israel, os Estados Unidos ou os países europeus deveriam exercer uma pressão sobre o país para evitar novos crimes como os que são cometidos no cotidiano pelo exército israelense na fronteira com Gaza”, declarou.

“A Faixa de Gaza é uma prisão a céu aberto e ela não pode continuar a viver sob o jugo do regime imposto por Israel. As pessoas querem ter o direito de serem tratadas, se estão doentes. Os estudantes querem viajar e descobrir o mundo. E tudo isso não é possível porque as forças israelenses proíbem os barcos de entrar ou sair”, completou.

Região é palco de novos conflitos

A faixa de Gaza é o centro de novas tensões desde o dia 30 de março. Desde então, 121 palestinos morreram. Nesta terça-feira (29), as forças armadas israelenses anunciaram, em um comunicado, terem atingido mais de 35 alvos em Gaza em represália a cerca de 28 tiros de foguetes e morteiros que atingiram o território israelense – a maior ofensiva desde 2014.

Segundo o porta-voz das forças armadas do país, Jonathan Conricus, os ataques de Israel destruíram um túnel e diferentes estruturas militares pertencentes ao Hamas.