Atriz carioca conquista dinamarqueses com a banda "Forró de Bicicleta"
Margareth Marmori, correspondente em Copenhague
Mariana, que mora há oito anos em Copenhague, conta que a reação dos dinamarqueses ao estilo musical tem sido muito boa. Um dos locais mais frequentes para as apresentações da banda é a casa de espetáculos Ópera, que fica em Christiania, o famoso bairro alternativo da capital da Dinamarca.
“Lá vão pessoas que nunca ouviram forró, estão ali ouvindo forró pela primeira vez, mas a resposta é muito positiva. As pessoas vêm e elogiam muito. Falam que é uma música alegre, divertida e muito gostosa”, ela conta.
Tocar para o mundo
O outro brasileiro da banda é Irineu da Silva, que toca o triângulo. A ideia de criar o conjunto partiu de uma outra integrante, a violinista dinamarquesa Miriam Ariana, que descobriu o forró na França, onde o gênero musical é bem mais conhecido. O sanfoneiro da banda, o músico dinamarquês Niels Orts Ottosen, que foi o último a entrar no grupo, não conhecia nem nunca tinha tocado forró antes de entrar para a banda.
Segundo Mariana, a formação binacional reflete bem a proposta de trabalho do grupo, que é a de tentar misturar os públicos brasileiro e dinamarquês. “A gente não quer tocar só para brasileiro, a gente não quer tocar só para dinamarquês, quer tocar para todo mundo, para o mundo”, explica.
A banda foi criada há cerca de um ano e meio e já fez mais de 20 apresentações em clubes noturnos e eventos em Copenhague. Seu repertório inclui clássicos de Luiz Gonzaga e Dominguinhos e obras de compositores contemporâneos, como Nicolas Krassik, que é um violinista francês radicado no Brasil.
Capital da bicicleta
O nome da banda não é apenas um jogo com palavras. Seus integrantes realmente pedalam para chegar aos locais dos shows. Como grande parte dos moradores de Copenhague, Mariana, que estuda pedagogia e mora com o marido e a filha, não tem carro e usa a bicicleta diariamente para circular na cidade. Segundo ela, o grupo queria encontrar um nome que fizesse referência à capital dinamarquesa.
“Pensamos em Forró do Norte, por estar no Hemisfério Norte, e depois veio esse nome Forró de Bicicleta, porque a bicicleta é um símbolo de Copenhague”, ela conta.
Mariana herdou dos pais artistas, a acreana Lu Maia e o carioca Mauro Menezes, a paixão pelo forró e pela cultura popular brasileira. No Rio, ela deixou uma carreira de atriz que começou quando tinha apenas 7 anos de idade na Companhia de Teatro Encenações Musicais, criada por seus pais. A carioca estudou arte dramática na Casa das Artes de Laranjeiras e participou de diversas montagens teatrais para crianças e adultos.
Linguagem universal
Por causa das suas dificuldades com a língua dinamarquesa, Mariana não tem planos de retomar sua carreira de atriz na Dinamarca, mas sempre busca oportunidades para se expressar artisticamente e manter contato com a cultura brasileira. Além da banda de forró, ela acabou de entrar para um coletivo de teatro circense chamado Zirkus e há anos desenvolve atividades culturais com crianças de pais brasileiros na associação Brasileirinhos DK.
Ela conta que ainda sente saudade da sua carreira e de tudo o que deixou no Brasil. Para ela, trabalhar com arte e ter contato com a cultura brasileira são necessidades às quais ela precisava dar continuidade para se sentir feliz. “Fui começando a criar possibilidades para estar em contato com a cultura brasileira que eu amo tanto”, relembra.
A vida ficou mais fácil depois que ela começou a participar de atividades artísticas e do Forró de Bicicleta. “A música é um modo universal de se comunicar e supre a minha necessidade de me comunicar através da arte”, conclui.
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