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Pai de última refém do Boko Haram prefere que filha continue presa se tiver que se converter ao Islã

29/08/2018 17h05

A jovem Leah Sharibu é única refém, entre a mais de 100 meninas sequestradas no início do ano em Dapchi, a continuar nas mãos do Boko Haram.

Leah, 15 anos, foi sequestrada em uma escola da Nigéria em 19 de fevereiro junto com uma centena de meninas com idades entre 11 e 19 anos. Desde então, todas as suas colegas de cativeiro foram libertadas, mas ela permanece detida.

Segundo as demais adolescentes devolvidas às suas famílias, a jovem, que é cristã, foi mantida por ter se recusado a se converter ao Islã. Essa seria uma das exigências feitas pelos membros do Boko Haram, grupo cujo nome significa “educação ocidental é um pecado”.

Em entrevista exclusiva à RFI, o pai de Leah, Nathan Sharibu, confirma que a filha continua detida por ter se negado à conversão religiosa. “É por isso que eles a mantém em cativeiro. Eu também não concordo com a conversão ao Islã, e se for assim, prefiro que ela continue lá. Eu aprecio que ela se comporte assim, pois foi dessa forma que eu a eduquei”.

Uma suposta prova de vida da refém foi divulgada no início desta semana, por meio de um áudio. Na gravação, enviada à imprensa local, a jovem pede a ajuda do presidente nigeriano, Muhammadu Buhari. O governo ainda está verificando a autenticidade do arquivo.

“Ela pediu que o governo faça o possível para libertá-la. Nós também suplicamos para isso”, diz seu pai. “Eu choro. Toda a família chora”, continua, lembrando que não teve nenhum contato com a filha desde o sequestro em Dapchi, no estado nigeriano de Yobe.

O Boko Haram conduz desde 2009 ataques no nordeste da Nigéria que já mataram mais de 20 mil pessoas. Em 2014, a ação dos jihadistas, que são próximos do grupo Estado Islâmico, provocou uma onda de indignação global com o sequestro de 276 meninas em uma escola em Chibok.