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Quatro filmes brasileiros estão em competição no Festival Biarritz América Latina na França

25/09/2018 12h33

Há quase 30 anos que Biarritz, uma das principais cidades do País Basco francês, celebra o fim do verão europeu em ritmo latino-americano. Até o próximo domingo (30), acontece no tradicional balneário do sudoeste da França a 27ªedição do Festival Biarritz Amérique Latine, que apresenta um panorama bem diverso da cinematografia do continente, com 30 filmes em competição além de exposições, conferências, debates e muita festa.

O Brasil está em foco no evento com dois longas: a ficção “Deslembro” de Flávia Castro - que figurou na seleção oficial da Mostra Internacional de Veneza - e o documentário “Bixa Travesty", de Cláudia Priscila e Kiko Goifman, que surpreendeu os espectadores na seção Panorama da última Berlinale, o Festival Internacional de Cinema de Berlim.

Ainda em competição, os curtas-metragens “O Órfão” de Carolina Markowicz e “Repulsa” de Eduardo Morotó. Os quatro cineastas devem estar presentes em Biarritz.

Uruguai homenageado

Presidido pelo cineasta francês Laurent Cantet (Palma de ouro em Cannes com “Entre os muros da escola” em 2008) o júri dessa edição do festival terá à disposição um painel bem variado do cinema do continente, que aborda questões de atualidade como o narcotráfico, a violência contra a mulher e a identidade de gênero, mas também os fantasmas e traumas deixados pelas diferentes ditaduras militares que assolaram a América Latina nas últimas décadas.

Dois filmes em competição se destacam aliás por essa temática. O longa brasileiro “Deslembro”, que retraça o cotidiano de uma família de exilados de volta ao Rio de Janeiro em 1979, quando foi decretada a lei de anistia no Brasil. E “Compañeros - La noche de los 12 anõs”, que relata a longa tortura sofrida por três opositores políticos ao regime militar, do reputado cineasta uruguaio Alvaro Brechner, indicado ao Oscar 2009 por melhor filme estrangeiro com “Mal día para pescar”.

Com uma cinematografia dinâmica e inventiva, o Uruguai é o país homenageado esse ano pelo festival com 10 filmes em exibição, ficções e documentários já premiados em mostras internacionais, além de dois filmes em competição. “Compañeros” de Alvaro Brechner, abriu esta edição do Festival nesta segunda-feira (24) em presença do diretor. Uma exposição é consagrada à fotografia contemporânea do Uruguai e várias conferências abordam a obra do grande escritor desse país, Juan Carlos Onetti (1909-1994).

Capoeira, samba e cavaco

E como esse festival pretende valorizar não apenas o cinema, mas também a cultura da América Latina, vários grupos brasileiros foram convidados para animar até altas horas da madrugada o “village” latino: “Roda de Cavaco” “Miu Queiroz” e o DJ R-Jay dividirão o palco principal com grupos de salsa cubana, kumbia da Colômbia, tango argentino ou candombe do Uruguai.

E para os mais animados, não faltarão as aulas de capoeira que serão dadas por brasileiros que formaram um grupo na região.

O Festival tem se tornado uma passagem obrigatória para cineastas e artistas brasileiros nos últimos anos. Fora da competição oficial dois outros filmes brasileiros serão exibidos: “Los Silêncios” de Beatriz Seigner e “Benzinho” de Gustavo Pizzi. No ano passado, o longa de ficção “As boas maneiras”, de Juliana Rojas e Marcos Dutra, ganhou uma menção especial do júri e “Cine São Paulo”, de Ricardo Martensen e Felipe Tomazelli, ficou com o prêmio de melhor documentário. Flávia Castro, que concorre esse ano com “Deslembro”, ganhou em 2010 o prêmio de melhor documentário com “Diário de uma busca”.

O Festival Biarritz Amérique Latine termina em 30 de setembro.