Idosos de Copacabana se mobilizam para eleição, mesmo sem precisar votar
Enviado especial ao Rio de Janeiro
Andar pelas ruas de Copacabana é como estar em uma versão tropical do filme Cocoon, de 1985. Como na ficção de Ron Howard, os idosos estão por toda a parte, fazendo exercícios físicos na praia, caminhando pelo calçadão entre os turistas ou simplesmente batendo papo e jogando cartas e dominó. Se 18,7% da população do estado do Rio de Janeiro tem mais de 60 anos, nos arredores da “Princesinha do Mar” eles beiram um terço da população (30%), fazendo do bairro um dos mais idosos do país.
Mas ao contrário do filme de Ron Howard, onde os velhinhos descobriam uma espécie de fonte da juventude vinda do espaço, que os mantinha intactos apesar do passar dos anos, os moradores de Copacabana atualmente querem tudo, menos ficar parados no tempo. Às vésperas do segundo turno da eleição presidencial brasileira, basta puxar assunto com um dos moradores mais idosos para se dar conta que muitos veem nesse pleito um momento de possível transformação no país.
“Esperamos mudanças profundas, pois o governo que temos no momento não está correspondendo às expectativas de ninguém”, afirma Geraldo, 86 anos. Ele reclama dos altos níveis de desemprego, da falta de infraestrutura e de transportes eficientes. “O que vem acontecendo no Brasil é uma verdadeira calamidade pública”. Aos 87 anos, Vera, sua vizinha de banco de praça, é mais direta, e aponta aqueles que considera os culpados pela situação atual do país: “Tem 13 anos que esse PT está acabando com nosso país. Do jeito que está, não pode continuar. Tem que haver mudança radical”, se irrita.
Como todos os idosos que falaram com a reportagem da RFI nesta quarta-feira (25), Geraldo e Vera não escondem que vão votar para Jair Bolsonaro. “Esperamos que ele cumpra com o que vem prometendo”, reitera Yolando, 78 anos de idade, 60 deles vividos em Copacabana.
“Nunca houve ditadura no Brasil”
Os moradores dizem confiar na “firmeza” do ex-paraquedista, mas evitam falar das declarações polêmica do candidato da extrema direita, conhecido por defender a ação de militares. “Não tem essa história de ditadura aqui não”, retruca Yolando. Antes de completar a frase, um colega se mete na conversa a decreta: “Nunca houve ditadura no Brasil. Houve apenas um governo militar, o que é diferente”, defende Sydney, coronel aposentado. Para ele, o principal objetivo agora é fazer com que “a esquerda deixe o poder, só isso”.
A rejeição ao Partido dos Trabalhadores exprimida pelo militar parece ser unânime entre os aposentados que passeavam por Copacabana nesta manhã. Alguns, aliás, assumem que não são bolsonaristas, mas que vão votar no candidato do PSL apenas para bloquear uma possível vitória do PT.
“Eu não sou Bolsonaro. A gente está votando é contra o PT”, desabafa Mário, 82 anos, que distribuía panfletos nos quais propunha alugar seu apartamento de frente para o mar aos turistas. O aposentado, que afirma ter sido preso no passado por rasgar sua cédula na hora de votar, diz ser um rebelde, “como quem vota no Bolsonaro. São pessoas que não estão aceitando a situação”, finaliza.
Nenhum dos aposentados entrevistados em Copacabana afirmou votar em Fernando Haddad. Todos declararam que vão comparecer nas zonas eleitorais no domingo para cumprir seu dever.
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