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Nova acusação prorroga detenção de Carlos Ghosn no Japão

24/12/2018 08h13

A saga do ex-todo poderoso da aliança Renault-Nissan, Carlos Ghosn, preso desde 19 de novembro em Tóquio, quando aterrissou em seu jato particular, é acompanhada com muito interesse no Japão. O episódio mais recente é que a justiça japonesa decidiu prolongar sua detenção até 1° de janeiro. A imprensa francesa também segue o desenrolar do destino do executivo franco-líbanês brasileiro, de 64 anos.

A saga do ex-todo poderoso da aliança Renault-Nissan, Carlos Ghosn, preso desde 19 de novembro em Tóquio, quando aterrissou em seu jato particular, é acompanhada com muito interesse no Japão. O episódio mais recente é que a justiça japonesa decidiu prolongar sua detenção até 1° de janeiro. A imprensa francesa também segue o desenrolar do destino do executivo franco-líbanês brasileiro, de 64 anos.

A prorrogação é um novo problema judicial para Ghosn, depois que na sexta-feira (21) os promotores emitiram uma nova ordem de detenção por "abuso de confiança".

O correspondente no Japão do jornal Les Echos conta que os investigadores teriam encontrado, após buscas na casa de Ghosn, documentos que revelam operações financeiras fraudulentas no final dos anos 2000 e que teria custado milhões de dólares à Nissan. Trata-se de um uso indevido de fundos que não figurou na investigação interna, feita em segredo pela Nissan contra o próprio presidente.

Um executivo da Nissan, sob anonimato, disse a Les Echos esperar que a Renault se conscientize da gravidade do uso indevido de fundos por Ghosn, que continua à frente da empresa francesa, depois de ser afastado dos conselhos de administração da Nissan e Mitsubishi.

De modo concreto, os promotores o censuram por ter feito com que a Nissan cobrisse "perdas em investimentos pessoais" durante a crise financeira de outubro de 2008, algo que ele nega, segundo o canal público NHK. O valor em questão chega a 1,85 bilhão de ienes, o equivalente a quase R$ 65 milhões.

Ajuda de amigo saudita

Segundo as investigações, o executivo teria pedido a um amigo da Arábia Saudita que atuasse como seu avalista, fazendo uma transferência bancária para essa pessoa, a partir de uma conta de uma filial da Nissan, explica o suplemento econômico de Le Figaro.

Esse tipo de delito normalmente prescreve após sete anos, mas a lei permite suspender a contagem durante os períodos passados no exterior, numerosos no caso de Ghosn, que passava apenas um terço de seu tempo no Japão.

Seu braço direito, o americano Greg Kelly, também foi detido em 19 de novembro. Os dois são suspeitos de dissimulação de renda entre 2015 e 2018 por um valor de 4 bilhões de ienes, equivalente a mais de R$ 64 milhões.

Para o jornal Aujourd’hui em France, a posição de Ghosn à frente da Renault está mais frágil que nunca. O grupo francês mantém o executivo no cargo e designou como diretor executivo “provisório” o número dois na hierarquia, o francês Thierry Bolloré.