Revista francesa L'Express dá destaque aos novos "políticos extravagantes" do Brasil
A revista francesa L'Express publicou nesta semana sobre políticos que saíram vencedores nas eleições de 2018 no Brasil. A matéria dá destaque ao fato de que o presidente eleito, Jair Bolsonaro, que chamou atenção da comunidade internacional pelo discurso sexista, racista e homofóbico, está longe de ser "uma exceção" no cenário político brasileiro atual, segundo a publicação.
A revista francesa L’Express publicou nesta semana sobre políticos que saíram vencedores nas eleições de 2018 no Brasil.
"Vários candidatos extravagantes foram eleitos deputados federais, estaduais ou governadores", diz a revista. "Pouco conhecidos dos brasileiros antes da campanha eleitoral, essas personalidades atípicas foram guiadas pela onda de 'renovação' e 'cansaço' que levou o ex-capitão do Exército à presidência do país. (...) É o caso do novo governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. Adepto de um discurso forte na cidade dominada pela violência, Witzel sugeriu o uso de armas e até mesmo de drones para abater os criminais das favelas", continua a L’Express.
A publicação lembra que o partido de Bolsonaro, o PSL, passou de 1 parlamentar desde as últimas eleições a 52 em 2018, tornando-se o segundo maior partido da Câmara dos Deputados. Entre eles, há quem se veste com roupas de estampa militar, como é o caso de Daniel Silveira, que, durante a campanha eleitoral, foi fotografado destruindo uma placa em homenagem a Marielle Franco, veredora do Rio assassinada em março de 2018.
Assim como ajudou Bolsonaro, as redes sociais foram vitais para o resto dos eleitos em 2018, como a policial Kátia Sastre, de São Paulo, que viralizou ao atirar em um assaltante na frente da escola de seu filho. "Ela se tornou a 15ª deputada federal mais bem votada do Brasil", afirma a L’Express. A Internet também foi o que conduziu o youtuber Marcio Labre ao cargo de deputado do Estado do Rio de Janeiro, assim como o sargento Fahur, policial do Paraná, que conta com 3,2 milhões de seguidores em sua página no Facebook, onde ele diz que bandidos são "vagabundos" e "merecem receber um tiro".
Sistema eleitoral de caricaturas
A lista não para: L’Express cita Kim Kataguiri, de 22 anos, um dos fundadores do Movimento Brasil Livre, eleito deputado; assim como Luiz Philippe de Orleans e Bragança, da família imperial brasileira, sem se esquecer, é claro, de Alexandre Frota, ex-ator pornô. A cantora gospel Flordelis, eleita deputada federal, é apontada pela revista como uma das principais representantes da bancada BBB: Bala, Boi e Bíblia. O lobby evangélico no Congresso, lembra L’Express, passou de 75 a 84 eleitos.
O clã Bolsonaro não foi esquecido pela revista semanal: o filho mais velho de Jair Bolsonaro, Flávio, antigo deputado, entrou no Senado; Eduardo, que apoia a pena de morte, tornou-se o deputado mais votado da história do país, com 1,84 milhão de votos, enquanto Carlos, que gerenciou a campanha do presidente eleito, conserva seu cargo de vereador do Rio de Janeiro.
A revista francesa diz que o processo eleitoral brasileiro abre portas às candidaturas "folclóricas", com o sistema proporcional, que permite aos partidos mais votados a atribuição de uma parte dos votos a outros candidatos. A tarefa, agora, é conter o desemprego, regulamentar a questão das aposentadorias e solucionar os problemas ligados à economia, algo um pouco mais difícil do que viralizar na internet, segundo a L’Express.
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