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Ajuda dos EUA para Venezuela não é humanitária, afirma Cruz Vermelha

25/02/2019 18h54

A Cruz Vermelha já havia anunciado que não pretendia participar da distribuição na Venezuela da ajuda vinda dos Estados Unidos. Para a organização, os carregamentos enviados por Washington vêm da parte de um governo e, por essa razão, não podem ser considerados como "ajuda humanitária".

A Cruz Vermelha já havia anunciado que não pretendia participar da distribuição na Venezuela da ajuda vinda dos Estados Unidos.

Desde 10 de fevereiro o Comitê da Cruz Vermelha se posicionou sobre a situação na Venezuela. O chefe da delegação da entidade na Colômbia, Christoph Harnisch, afirmou que não pretendia participar da iniciativa norte-americana de enviar carregamentos para o país latino americano.

“Para nós, não se trata de uma ajuda humanitária, e sim de uma ajuda decidida por um governo”, declarou, lembrando que sua instituição deve respeitar princípios de independência, imparcialidade e neutralidade.

Nessa segunda-feira (25), em entrevista publicada no site da revista colombiana Semana, Harnisch reforçou suas afirmações. Para ele, “infelizmente, a primeira vítima do que está acontecendo é a palavra ‘humanitária’, porque há um debate, há uma controvérsia pública, há uma manipulação deste termo por todas as partes”. Segundo o representante da Cruz Vermelha, “'humanitário' é algo que não deve ser controverso, deve ser do interesse do povo”.

Harnisch também preferiu não se posicionar em caso de uma eventual intervenção militar na Venezuela. “Isso é pura especulação”, declarou, alegando que mesmo se algo do gênero ocorra, as ONGs humanitárias precisam de um período de observação da situação antes de agir.

No entanto, o chefe da Cruz Vermelha local concorda que o êxodo provocado pela crise venezuelana é um dos mais graves do mundo. “Há uma migração de sírios que era muito mais importante em termos de número de pessoas. Mas nesse caso havia muitos mais países receptores. Aqui a concentração é de alguns países, dois ou três”. Além disso, lembra, as nações que recebem esses migrantes “não são países com um desenvolvimento industrial do mais alto nível. Na Europa, em alguns casos sim, mas isso não pode ser dito da Colômbia ou do Equador e do Peru”.