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Bombardeio contra centro de migrantes deixa ao menos 40 mortos na Líbia

Centro de imigrantes e refugiados atingido por bombardeiros em Tajoura, na Líbia - Ismail Zitouny/Reuters
Centro de imigrantes e refugiados atingido por bombardeiros em Tajoura, na Líbia Imagem: Ismail Zitouny/Reuters

03/07/2019 07h14

Um ataque aéreo contra um centro de migrantes e refugiados em Tajura, no leste de Trípoli, deixou ao menos de 40 mortos e mais de 70 feridos ontem à noite (no horário de Brasília). Segundo o serviço de socorros, o número de vítimas ainda pode aumentar.

"É um saldo preliminar e pode ser mais grave", afirmou o porta-voz do serviço de socorros, Osama Ali. Segundo ele, no momento do ataque havia 120 migrantes no local.

Imagens de agências de notícias mostram corpos espalhados no chão e destroços do hangar que era utilizado como centro de confinamento para migrantes. Equipes de socorro reviram os escombros à procura de sobreviventes enquanto forças de segurança coordenam o acesso de dezenas de ambulâncias ao local.

Ofensiva para o controle de Trípoli

Nos últimos dias, veículos de imprensa favoráveis ao marechal Khalifa Haftar informavam a iminência de "uma série de ataques aéreos" na região de Trípoli e Tajura. Haftar, que controla parte da Líbia com forças rebeldes, realiza uma ofensiva para controlar a capital, sede do Governo de Unidade Nacional (GNA, sigla em inglês), reconhecido pela comunidade internacional.

O GNA denunciou o ataque como "um crime odioso" de autoria do "criminoso de guerra Khalifa Haftar". Segundo o GNA, trata-se de um ataque "premeditado" e "preciso" das forças do marechal Haftar contra o centro de migrantes.

Em Tajura estão localizadas várias instalações militares controladas pelo GNA, alvo de ataques regulares das forças de Haftar. O ataque teria sido uma vingança do marechal, que recentemente perdeu o controle da cidade de Gharyan, a cerca de 100 km de Trípoli.

Migrantes sofrem com o caos na Líbia

O Alto-comissário da ONU para os Refugiados manifestou sua "extrema preocupação" com o ataque. As agências da ONU e entidades humanitárias têm expressado reiteradamente sua oposição a que migrantes resgatados no mar sejam devolvidos à Líbia, em razão do caos institucional no país. Ao serem reenviados ao território líbio, eles são colocados em "detenção arbitrária" e regularmente ficam à mercê das milícias armadas.

Apesar da constante instabilidade e do caos institucional, a Líbia continua sendo um país de trânsito de migrantes que fogem de conflitos armados ou da instabilidade em outras regiões da África e do Oriente Médio. A missão de apoio da ONU no país (Manul) tem manifestado sua preocupação com as cerca de 3.500 pessoas "em risco nos centros de detenção situados nas zonas de conflito".