Espanha está à beira do colapso sanitário com a Covid-19
No continente europeu, a Espanha está pagando um preço alto pela epidemia da Covid-19. Nas últimas 24 horas, com 950 óbitos adicionais, o país atingiu a barreira simbólica de 10.003 mortos. Esse número corresponde a 20% das mortes registradas no mundo pelo novo coronavírus. Os hospitais espanhóis estão à beira do colapso.
François Musseau, correspondente em Madri
A Espanha está muito próxima do que se temia há algum tempo: um colapso sanitário. Com 110.000 infectados pelo novo vírus, sendo 8.102 contágios adicionais em um único dia, quarta-feira (1), os hospitais de Madri, Barcelona, das regiões de ??Navarra (norte) e Andaluzia (sul) estão saturados. A chegada incessante de pacientes com sintomas graves do coronavírus - tosse, febre e dificuldade em respirar - faz as autoridades temerem uma ruptura na capacidade de atendimento na segunda e terceira semanas de abril. O único alento é que 26.000 pessoas se curaram da doença.
Assim como ocorreu na Itália e agora na França, o gargalo no atendimento são os leitos de UTI. Os pacientes que apresentam a forma mais severa da pneumonia viral, que exige assistência respiratória mecânica, passam vários dias nas unidades de terapia intensiva. Entrar nessa fila é angustiante para doentes e familiares.
As autoridades têm efetuado transferências de pacientes para cidades e regiões menos afetadas, como Astúrias (noroeste) e Extremadura (sudoeste). Mas a coordenação dessas evacuações é complexa e muitas vezes confusa, por causa do sistema de administração descentralizado das províncias. Os espanhóis não têm o hábito desse tipo de operação. Em decorrência dessa dificuldade, os hospitais de Barcelona, por exemplo, não admitem mais doentes com idade superior a 70 anos nas UTIs - uma triagem dramática para médicos, enfermeiros e famílias.
Testes insuficientes
O ministro da Saúde, Salvador Illa, informou o Parlamento que o país terá capacidade para fabricar "nas próximas horas, 400 respiradores por dia". Quanto aos testes de diagnóstico, o governo confirmou que recebeu 1 milhão de testes rápidos fabricados na China. Mas eles são menos confiáveis do que o teste molecular PCR, principalmente nos primeiros dias da infecção, oferecendo apenas 60% de fiabilidade. Por isso, o governo espanhol continuará fabricando os PCR e seus kits, enquanto os testes rápidos serão usados para descongestionar os laboratórios.
A pandemia de coronavírus já matou 46.000 pesssoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde, um número que cresce a uma velocidade "quase exponencial", de acordo com a agência da ONU. As medidas de confinamento já atingem 3,9 bilhões de pessoas no planeta.
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