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Para evitar "discriminação", presidente francês descarta prolongar confinamento de idosos

Bandeira da França em sacada de Paris durante a quarentena pede para que as pessoas fiquem em casa - Pierre Suu/Getty Images
Bandeira da França em sacada de Paris durante a quarentena pede para que as pessoas fiquem em casa Imagem: Pierre Suu/Getty Images

18/04/2020 13h34

Não haverá confinamento prolongado para os idosos na França. O presidente Emmanuel Macron rejeitou a possibilidade evocada pelo chefe do Conselho Científico para, segundo ele, evitar a "discriminação" contra pessoas mais velhas.

A questão suscitou uma nova polêmica na França sobre o fim do confinamento previsto para 11 de maio. Nesta semana, o chefe do Conselho Científico, Jean-François Delfraissy, mencionou a possibilidade de prolongar o isolamento das pessoas com mais de 65 anos após a data limite para evitar a propagação do coronavírus entre a população vulnerável.

Segundo ele, 18 milhões de pessoas deveriam permanecer em suas casas após o "desconfinamento". Esse número representa 12% da população francesa.

Mas Macron decidiu que a saída do isolamento se dará de forma diferente do que o previsto pelo Conselho Científico, órgão estabelecido especialmente para lidar com a crise sanitária da Covid-19. Em nota oficial, o Palácio do Eliseu anunciou neste sábado (18) que "a França vai se esforçar para evitar qualquer forma de discriminação contra pessoas idosas ou frágeis". Uma forma de lembrar, segundo Delfraissy, que ele "aconselha" e que Macron é quem decide.

A polêmica sobre o isolamento de idosos ganhou espaço em 24 horas: da Academia de Medicina aos políticos, a controvérsia mobilizou o país inteiro. O presidente francês reagiu rapidamente para acabar com os rumores e evitar que a população, confinada há quase cinco semanas, se sentisse ainda mais tensa com incertezas sobre o fim do isolamento.

Em seu discurso de 13 de abril, Macron afirmou que "por medida de proteção, pediremos às pessoas mais vulneráveis, às pessoas idosas, em situação de invalidez severa, às pessoas que sofrem de doenças crônicas, de ficar, mesmo após 11 de maio, confinadas, ao menos em um primeiro momento". O chefe de Estado não indicou, no entanto, se esse "anúncio" teria um caráter obrigatório, como o atual confinamento, ou seria apenas uma recomendação.

Morrer de solidão

A possibilidade de um confinamento prolongado para idosos preocupa as famílias. O presidente da Associação dos Diretores a Serviço das Pessoas Idosas, Pascal Champvert, diz acreditar que um isolamento prolongado, em casas de repouso ou em suas próprias residências, "não é algo realizável". "As pessoas vão morrer de outras coisas que não seja o coronavírus: de tristeza, de solidão", afirma.

Já a União Europeia deseja que o idosos e as pessoas mais frágeis sejam protegidas "durante mais tempo". A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, estima que é preciso "limitar o máximo possível o contato com idosos" até a criação de uma vacina, que ela espera estar pronta "até o fim do ano".

Segundo o último boletim divulgado pelas autoridades sanitárias, ao menos 7.203 das quase 19 mil mortes por coronavírus no país foram registradas em casas de repouso. Segundo a agência Saúde Pública da França, nove a cada dez pessoas que morrem por coronavírus têm mais de 65 anos.