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Protestos contra inflação deixam ao menos um morto na Venezuela

Eduardo Knapp/Folhapress
Imagem: Eduardo Knapp/Folhapress

24/04/2020 08h13

Os venezuelanos protestaram nesta quinta-feira (23) pelo segundo dia consecutivo contra a inflação dos preços de produtos de primeira necessidade, agravada pela crise do coronavírus. Pelo menos uma um homem foi morto a tiros em uma manifestação em Upata, no sul do país.

O segundo dia de protestos contra a alta de bens essenciais e a falta gasolina provocaram distúrbios em várias cidades do país. O mais violento deles ocorreu em Upata, cidade de 100 mil habitantes do estado de Bolivar. Segundo um relatório do Exército venezuelano, um homem de 28 anos foi morto com dois tiros na cabeça durante a manifestação. Os militares não indicaram a origem dos disparos. Duas pessoas também ficaram feridas no incidente.

O governador do estado, Justo Noguera, declarou que o homem foi "atingido pela polícia". O governador disse que o "policial suspeito" de ter efetuado os disparos está à disposição do Ministério Público.

Os protestos em Upata terminaram com saques às lojas da cidade. Ao menos um supermercado foi invadido e várias lojas foram depredadas, informaram as autoridades. Cerca de trinta pessoas foram detidas.

A imprensa regional relatou que outras manifestações aconteceram nos estados de Monagas, no leste, e de Portuguesa, no oeste da Venezuela.

Quarentena agrava situação

Na quarta-feira (22), primeiro dia dos protestos, sete pessoas ficaram feridas, sendo duas a tiros, no estado de Sucre, informou um deputado da oposição. A manifestação na pequena cidade de Cumanacoa também terminou com o comércio saqueado.

"As pessoas saíram às ruas para saquear (...). Você não pode ficar em quarentena passando necessidade", comentou à AFP Domingo Sánchez, técnico em telefonia celular.

A quarentena decretada pelo governo em março, para conter a propagação do coronavírus no país, é supervisionada pelas forças de segurança. A medida agrava a crise econômica e social que enfrenta a Venezuela, com a falência dos serviços públicos, uma hiperinflação vertiginosa e falta de abastecimento de gasolina. Oficialmente, o país registra 298 casos de contaminação e dez mortes pelo coronavírus.

Com informações da AFP