Coronavírus: cerca de 11,3 milhões de franceses estão em situação de desemprego temporário
A ministra francesa do Trabalho, Muriel Pénicaud, anunciou nesta quarta-feira (29) que 11,3 milhões de pessoas estão atualmente em situação de desemprego temporário no país, situação que diz respeito a mais de um em cada dois trabalhadores. A medida serve para evitar demissões e uma explosão na taxa de desemprego, em meio à retração da atividade econômica ligada à epidemia do novo coronavírus.
"Protegemos os franceses quando o vento soprou forte", afirma a ministra. "Hoje 11,3 milhões de trabalhadores em nosso país estão protegidos pelo desemprego temporário, ou seja, é o Estado, o Ministério do Trabalho quem paga seus salários (...) para evitar ondas de demissões."
O sistema de desemprego temporário foi instituído pelo governo francês desde o início do confinamento no país, em 17 de março. Pela medida, trabalhadores preservam seus vínculos empregatícios e recebem entre 70% e 100% dos seus salários brutos, dependendo do valor dos vencimentos. Para isso, as empresas são reembolsadas pelo governo, que estima uma despesa de ? 24 bilhões até o final de maio.
Pénicaud enfatiza o impacto das medidas no setor privado da economia. "Também existem 890 mil empresas protegidas pelo sistema, portanto mais de um em cada dois funcionários do setor privado e mais de uma em cada duas empresas se beneficiam dessas medidas. Acho que podemos nos orgulhar na França de termos implantado essa enorme rede de segurança", acrescentou.
Não haverá corte em 1º de junho
Embora o dispositivo atualmente em vigor tenha seu financiamento previsto até o final de maio, Muriel Pénicaud garantiu que não haverá uma ruptura abrupta em 1º de junho, o que representaria um grande risco. "Não haverá um corte, mas a taxa de apoio estatal [de remuneração paga para as empresas] será um pouco menos significativa após esta data", alertou, acrescentando que isso será "progressivo".
"O objetivo é que o recurso do desemprego temporário acompanhe gradativamente a recuperação", afirmou a ministra, acrescentando que estariam em andamento discussões com os parceiros sociais para organizar o desenvolvimento do sistema após esta data. Atualmente, o regime de desemprego temporário prevê que os contratantes paguem uma remuneração a seus empregados correspondente a 70% de sua remuneração bruta, ou até 100% para empregados que recebam salário mínimo ou valores ainda inferiores ao mínimo.
"Nós devemos voltar ao trabalho"
Neste contexto, o ministro francês da Economia, Bruno Le Maire, convocou os franceses a retomarem o trabalho a partir da flexibilização do confinamento no país, em 11 de maio. "Temos que voltar ao trabalho (...). O máximo de franceses precisa voltar ao trabalho", repetiu diversas vezes.
O ministro afirmou que "temos que arregaçar as mangas, todos juntos para que o retorno às atividades ocorra nas melhores condições. Todos teremos sucesso juntos (...) Vamos nos levantar".
Bruno Le Maire lembrou que todas as lojas devem reabrir a partir de 11 de maio, exceto restaurantes, bares e cafés. O ministro enfatizou, no entanto, que a retomada da atividade, a partir de 11 de maio, "deve ser feita gradualmente", referindo-se à gestão do retorno dos trabalhadores às empresas. Alinhado às observações do pronunciamento do primeiro-ministro Edouard Philippe nesta terça-feira (28), Le Maire estimulou a continuidade, quando possível, do trabalho à distância, apontando essa como uma "solução apropriada".
"Guias de boas práticas serão necessários em todos os negócios", acrescentou. O ministro citou em particular os cabeleireiros que "precisarão usar máscara e roupas de proteção". Ele também esclareceu que "é o empregador que deve fornecer a máscara quando necessário" e convocou os empresários a "se prepararem para o 11 de maio", lembrando a necessidade de dialogar com funcionários e sindicatos.
Nenhum plano de recuperação antes de setembro
Quanto à gravidade da crise, o ministro indicou que a situação gerada pela pandemia "afeta todas as atividades". Ele reiterou uma comparação que já havia feito com a crise de 1929. "Estamos fazendo o possível para evitar falências e fechamento de empresas. Haverá falências nos próximos meses e perda de empregos. Nós sabemos disso", continuou ele.
Bruno Le Maire também indicou que certamente não haverá plano de recuperação da economia francesa antes de setembro ou outubro. Reivindicada por alguns, a queda das taxas aplicadas no setor de alimentação parece ter sido descartada pelo ministro. Ele lembra que essas taxas já sofreram reduções, e que "esta não é necessariamente a ferramenta mais adequada".
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