Decisão da Air France de cortar até 10 mil postos provoca indignação na França
A empresa aérea francesa ainda não informou o número exato de vagas que serão cortadas, mas a necessidade de reduzir a massa salarial da Air France já foi confirmada pela direção. Lembrando que o grupo receberá uma ajuda bilionário do governo, a oposição e sindicatos consideram nesta quinta-feira (18) a decisão incompreensível. O jornal Les Echos de quarta-feira (17) revelou que entre "8.000 a 10.000 postos de trabalho, que representam de 15% a 20% dos efetivos do grupo, seriam suprimidos.
A direção da Air France vai apresentar aos sindicatos os detalhes de seu plano estratégico para superar a crise provocada pela pandemia de Covid-19 em uma reunião extraordinária de seu Comitê Social e Econômico, marcada para 3 de julho. Somente nesta data os funcionários saberão exatamente o volume da redução de pessoal. Como as outras empresas do setor, a Air France foi atingida em cheio pela paralisação quase total do tráfego aéreo internacional, mas até agora, ao contrário dos outros grupos, não anunciou um plano de demissões.
Segundo os sindicatos ouvidos pela agência AFP, milhares de cortes de vagas estão previstos na Air France e na filial low cost do grupo, Hop. As demissões devem ocorrer na base do voluntariado, tanto para pilotos e comissários de bordo, quanto para os funcionários em solo. As negociações entre os trabalhadores e a direção estão em curso.
Para o ministro da Economia francês, Bruno Le Maire, não pode haver demissões forçadas. O ministro pediu nesta quinta-feira à direção da Air France que o "plano de transformação" do grupo preveja apenas demissões voluntárias. Le Maire não confirmou o número de vagas a serem cortadas na empresa, divulgado pela imprensa.
Plano de transformação
O diretor-geral da Air France-KLM, Benjamin Smith, anunciou no final de maio um plano de redução de 40% da oferta dos voos nacionais franceses até o fim de 2021. Várias rotas e destinos de menos de 2h30 serão abandonadas, quando houver uma alternativa ferroviária. Essa decisão atende a um pedido do Estado. Ao anunciar o apoio financeiro de € 7 bilhões, sendo € 4 bilhões em empréstimos bancários, para evitar a falência do grupo, o governo francês solicitou como contrapartida que a Air France melhorasse sua rentabilidade e seu impacto ambiental.
Xavier Bertrand, presidente conservador da região Hauts-de-France, questionou hoje, diante das milhares de demissões anunciadas, se o Estado estabeleceu corretamente as condições para garantir o empréstimo à companhia aérea. "Gostaria de saber se no momento da negociação para o apoio de € 7 bilhões a questão do emprego foi claramente abordada", perguntou o ex-ministro de Sarkozy.
O deputado do partido França Insubmissa, também ficou indignado. "O dinheiro público está sendo usado nesse plano que prevê a redução de pessoal, os responsáveis públicos afirmam que não haverá 'sofrimento social', mas ninguém sabe dizer qual é a estratégia deles", afirmou o deputado de esquerda radical.
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