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Em meio a alta da epidemia de Covid-19, assistentes médico-sociais fazem greve na Índia

Côme Bastin

Correspondente da RFI em Bangalore

25/07/2020 10h43

As assistentes sociais na saúde estão na linha de frente no combate da Covid-19 nos bairros pobres das cidades indianas. Mas 40 mil trabalhadoras do setor cruzaram os braços por melhores salários e cobertura de saúde. A grande paralisação, iniciada há mais de duas semanas, atinge os estados de Karnataka, ao sul, e Delhi, região da capital da Índia.

Em uma favela de Bangalore, capital do estado de Karnataka, Shiva Rathna e sua colega vestem o sári rose, o uniforme das "Asha", as assistentes sociais na saúde pagas pelo Estado para atuar nas comunidades. Mas ao invés de visitar as famílias, há duas semanas elas não saem de casa.

"Essas comunidades carentes não recebem atualmente a assistência ou visitas nem de enfermeiras. As "Asha" são as únicas que garantem um serviço mínimo", explica Shiva Rathna. "Nós vigiamos as pessoas com sintomas da Covid-19 para o governo, mas não temos nem salário, nem equipamentos apropriados para fazer isso. Recebi apenas um pequeno frasco de álcool em gel este mês", detalha a assistente.

Em geral, as trabalhadoras "Asha" se ocupam principalmente de mulheres grávidas nos bairros carentes. Mas desde o início da pandemia, eles estão na linha de frente para detectar os casos de coronavírus e monitorar todas as pessoas que tiveram contato com os infectados.

Um milhão de trabalhadoras "Asha"

Diante do aumento da carga de trabalho e dos riscos, elas reivindicam hoje equipamentos apropriados, um aumento de salário e cobertura de saúde. As assistentes são pagas por tarefa. "Por exemplo, se cuido de uma grávida, recebo ? 3", informa Murthy Rama, presidente do sindicato do estado de Karnataka.

O trabalho suplementar feito durante a pandemia do novo coronavírus não está sendo remunerado. "Todos os estados indianos enfrentam o mesmo problema. A greve lançada pelo nosso sindicato acaba de ter a adesão das assistentes de Delhi", salienta a líder sindical.

A Índia tem quase 1 milhão de trabalhadores "Asha". As assistentes comunitárias representam a verdadeira coluna vertebral do sistema se saúde do país. Uma greve geral do setor poderia acelerar a transmissão do vírus, que se agravou nos últimos dias. A Índia tem mais de 1,3 milhão de casos de Covid-19, sendo 49.310 nas últimas 24 horas, e 31.358 mortos.