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Americano é condenado a 9 anos de prisão na Rússia e denuncia julgamento "político"

"O tribunal condenou Trevor Reed a nove anos de prisão", sentenciou o juiz Dmitri Arnaut no julgamento - Getty Images
"O tribunal condenou Trevor Reed a nove anos de prisão", sentenciou o juiz Dmitri Arnaut no julgamento Imagem: Getty Images

30/07/2020 11h03

Um tribunal de Moscou condenou nesta quinta-feira (30) um ex-fuzileiro naval americano a nove anos de prisão por ter agredido dois policiais — uma acusação considerada "política" pelo réu.

"O tribunal condenou Trevor Reed a nove anos de prisão", sentenciou o juiz Dmitri Arnaut no julgamento, ocorrido apenas algumas semanas depois de outro americano ter sido condenado em um polêmico caso de espionagem.

Após o veredicto, Reed, de 29 anos, classificou o caso de "político" e disse que vai recorrer da decisão. "Vou pedir apoio político ao meu governo", disse o condenado, que alegou inocência.

A namorada dele, a russa Alina Tsyboulnik, chorou após a sentença. "Vocês estão falando sério?", gritou, ao ouvir a decisão, antes de ser retirada do tribunal. A promotoria havia pedido nove anos e oito meses de prisão para o americano.

Também presente na audiência, o pai de Trevor Reed, Joey Reed, argumentou que nenhuma das provas apresentadas pelos investigadores russos era "credível" e que se tratava de um processo "corrupto". Ele também denunciou uma condenação "decidida antecipadamente".

"É a sentença mais pesada infligida na história recente da Rússia" por essa acusação, afirmou Joey Reed, que deve se encontrar com o embaixador americano no país. Um representante da embaixada americana compareceu à audiência, mas se recusou a comentar o caso. Joey Reed acrescentou que se dirigirá a Vladimir Putin para que o presidente russo intervenha nesse caso pelo bem "do sistema judiciário russo, mas também pelo bem das relações internacionais".

Em prisão preventiva desde agosto do ano passado, Reed se declarou inocente, embora tenha admitido que não se lembra do incidente. Natural do Texas, ele foi acusado de agredir, em agosto de 2019, dois policiais que intervieram em uma festa em Moscou, na qual ele estava embriagado.

De acordo com a Justiça russa, esse estado de embriaguez foi "determinante" no incidente e constituiu uma "circunstância agravante". Um dos policiais disse que Reed havia tentado tirar a arma dele quando estava sendo levado para a delegacia, e outro o acusou de tê-lo agredido na barriga.

James Bond ou Mr. Bean?

Em junho, Paul Whelan, outro ex-fuzileiro naval dos Estados Unidos, que também possui as nacionalidades britânica, irlandesa e canadense, foi condenado a 16 anos de prisão por espionagem, sentença que o acusado e seus parentes também denunciaram como "política".

Para a acusação, Whelan é um oficial de inteligência bem treinado, o que ele nega. Assim, ele acusou os russos de alegarem "prender um James Bond em uma missão", quando, na realidade, "sequestraram um Mr. Bean em férias", em referência ao famoso espião fictício e personagem desajeitado, interpretado pelo ator britânico Rowan Atkinson.

A condenação desta quinta-feira foi anunciada depois que os rumores de uma possível troca de prisioneiros entre Moscou e Washington se multiplicaram, nas últimas semanas.

O advogado de Whelan, que no final de junho decidiu não recorrer da condenação, levantou repetidamente a possibilidade de seu cliente ser trocado por dois russos detidos nos Estados Unidos, o famoso ex-vendedor de armas Viktor Bout e o piloto Konstantin Yaroshenko, detidos por tráfico de drogas. Até agora, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia nega essa possibilidade.