Macron tem última chance de evitar desastre maior com plano de flexibilização do lockdown
Os franceses estarão com os olhos fixados na TV às 20h de Paris nesta terça-feira (24), 16h em Brasília, para ouvir o pronunciamento em que o presidente Emmanuel Macron irá detalhar as etapas do relaxamento progressivo do lockdown instaurado em 30 de outubro. A epidemia está controlada: a França registrou 4.452 contaminações nas últimas 24h, o menor número de casos da Covid-19 desde 28 de setembro. A principal preocupação do governo é evitar uma terceira onda.
Antes de falar à nação, Macron reúne seu Conselho de Defesa para bater o martelo sobre as decisões. Um grupo de 85 associações de médicos e usuários dos serviços de saúde alertou a equipe governamental que a flexibilização do lockdown só dará resultados se for reforçado o isolamento dos doentes e das pessoas que tiverem contato com casos positivos durante todo o período de contágio, explica Claude Rambaud, vice-presidente da federação France Assos Santé, nas páginas do jornal Le Parisien.
Essa jurista da área da saúde diz que se o governo não garantir as condições materiais e de assistência a domicílio para que uma pessoa com a Covid-19 fique em casa até o fim da infecção, a França terá uma terceira e quarta onda da epidemia, mesmo com a chegada das vacinas ao mercado. "Se isolar é um luxo que nem toda pessoa pode pagar", insistem os médicos.
As orientações gerais do plano de flexibilização do lockdown foram antecipadas por membros do governo, nos últimos dias, mas setores inteiros, como o de espetáculos, cultura e atividades esportivas ainda não sabem quando e em que condições poderão retomar suas atividades. Para bares, restaurantes e estações de esqui é a mesma incógnita. É certo que o relaxamento acontecerá em três etapas.
Relaxamento em três fases
Num primeiro momento, que pode começar já no próximo fim de semana ou em 1° de dezembro, o comércio não essencial poderá reabrir suas portas e trabalhar todos os domingos até as festas de fim de ano. Os lojistas deverão respeitar a restrição de um cliente por 8 metros quadrados, contra 4 metros anteriormente. Uma segunda etapa, com provável autorização de viagens, deve entrar em vigor em torno de 18 de dezembro, explica o site de informações FranceInfo. Bares, cafés e restaurantes só devem reabrir em meados de janeiro.
O jornal Le Figaro vê o presidente Macron diante de um grande desafio, já que o contexto exige, além de um equilíbrio entre as medidas sanitárias e econômicas, dar aos franceses moralmente esgotados pelo segundo lockdown perspectivas de futuro, diante do imenso temor das consequências econômicas e sociais da epidemia nos próximos meses.
O Libération diz que o governo conhece o segredo para controlar a epidemia, basta não errar novamente: testar os doentes, rastrear os casos de contato e isolar até o fim da infecção. Especialistas ouvidos pelo jornal consideram que a estratégia francesa pecou até agora pelo desconhecimento de ações de saúde pública e uma infantilização da população ante a responsabilidade de se proteger e proteger os outros. Segundo o professor François Bourdillon, ex-presidente da Agência Nacional de Saúde Pública, evitar epidemias é uma questão de cultura e não apenas de técnicas.
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