China registra crescimento positivo de 2,3% em 2020 apesar do coronavírus
As consequências da pandemia da Covid-19 não pouparam a China no primeiro trimestre de 2020. O país registrou uma recessão de 7% no período, mas deu a volta por cima e totalizou, no ano passado, um crescimento de 2,3%.
Stéphane Lagarde, correspondente da RFI em Pequim
Os dados publicados nesta segunda-feira (18) pelo Escritório Nacional de Estatísticas mostram que, em dezembro de 2020, a produção industrial chinesa aumentou 7,3%. Com a pandemia do coronavírus, a produção de seringas, máscaras e produtos eletrônicos, como telefones e computadores, cresceu nas fábricas do país. A China registrou uma alta das exportações nesses setores, beneficiando-se indiretamente das medidas de proteção e da necessidade de conexão da população mundial, submetida ao lockdown e ao trabalho à distância.
O país registrou, entretanto, uma desaceleração do consumo. As vendas aumentaram 4,6% apenas no mês passado - menos do que haviam previsto os analistas. O presidente chinês, Xi Jinping, salientou diversas vezes em suas últimas entrevistas que o modelo de crescimento chinês não está mais baseado unicamente nas exportações. O consumo interno é um elemento chave do desenvolvimento no país.
Boas perspectivas
O crescimento registrado no ano passado é o menor desde o fim da revolução cultural, em 1976, mas a China é uma das únicas grandes economias a ter progredido em 2020 - uma tendência que deve se manter. O partido chinês, que festeja seus 100 anos em 2021, tem motivos para comemorar. A economia chinesa ultrapassou, pela primeira vez, o volume global de € 12,8 bilhões.
O aparecimento de novos focos da Covid-19 no país e a imposição de outras restrições sanitárias podem prejudicar as férias do Ano Novo chinês - um período comparável ao Natal ocidental nas despesas com presentes e viagens. Mas, mesmo assim, as perspectivas econômicas continuam positivas a curto prazo, segundo os analistas.
FMI alerta para crescimento desequilibrado
O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou no início deste ano para o crescimento desequilibrado do país. "A recuperação depende em grande parte do setor público, enquanto o consumo privado está ficando para trás", aponta o organismo, destacando que a pandemia "acrescentou muitas vulnerabilidades", especialmente a dívida, que enfraquece a economia. O déficit orçamentário chinês deve aumentar para 18,2% do PIB em 2020, à frente dos 12,6% em 2019, segundo o FMI.
A economia chinesa foi capaz de se recuperar e de "se adaptar" à pandemia, graças, em particular, ao comércio on-line e à forte demanda por produtos relacionados à própria Covid-19 no exterior, mas a atividade deve permanecer "abaixo de sua capacidade a médio prazo", lembrou o Fundo. Alguns setores continuam sendo fortemente afetados, principalmente os de hotéis, restaurantes e lazer.
O FMI também alerta que medidas de distanciamento para prevenir a epidemia "continuarão a travar" a atividade do setor de serviços neste ano. O valor oficial do PIB para 2020, juntamente com o do último trimestre, será anunciado nesta segunda-feira. Em 2019, o gigante asiático registrou um crescimento de 6,1%, o menor em três décadas.
(RFI e AFP)
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