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Autorização urgente da Sputnik V é "roleta russa", diz Agência Europeia de Medicamentos

Agência alega a falta de dados suficientes sobre as pessoas vacinadas - Adriana Toffetti/A7 Press/Estadão Conteúdo
Agência alega a falta de dados suficientes sobre as pessoas vacinadas Imagem: Adriana Toffetti/A7 Press/Estadão Conteúdo

08/03/2021 12h17Atualizada em 08/03/2021 12h34

De acordo com uma representante da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), os países membros da UE não deveriam autorizar com urgência a vacina russa contra a Covid-19 Sputnik V. Ela alega a falta de dados suficientes sobre as pessoas vacinadas.

"É um pouco como uma roleta russa", disse Christa Wirthumer-Hoche, presidente do conselho de direção da agência, em uma entrevista ao canal de televisão austríaco ORF, no domingo (7).

"Precisamos de documentos que possamos revisar. Até o momento, não temos dados sobre os efeitos colaterais dos vacinados", destacou.

"Por isso desaconselho a emissão de uma autorização com caráter de urgência", afirmou Wirthumer-Hoche, pedindo aos países que aguardem o sinal verde do regulador europeu.

A Agência Europeia de Medicamentos iniciou o processo de análise do imunizante russo na semana passada. Após este anúncio, as autoridades russas disseram que estavam preparadas para fornecer vacinas a 50 milhões de europeus a partir de junho. Kirill Dmitriyev, diretor do fundo soberano russo, que contribuiu para o desenvolvimento da vacina, ressaltou que a Sputnik V pode salvar milhares de vidas na Europa.

"Quem trabalha em conjunto com as vacinas deve deixar a política de lado. A cooperação com a EMA é o exemplo perfeito de que unir esforços é a única forma de acabar com a pandemia", acrescentou, destacando que a vacina já foi aprovada por quase 40 países.

"Poderemos ter a Sputnik V no mercado no futuro, mas somente quando examinarmos os dados necessários", baseados "nas normas europeias de controles de qualidade e eficácia", insistiu a representante da EMA.

Vários países da UE já usaram a vacina

Vários países da UE recorreram a vacinas ainda não aprovadas. Um exemplo é a Hungria, que começou a administrar a Sputnik V em sua população no mês passado. A República Tcheca e Eslováquia também fizeram pedidos à Rússia.

O chanceler austríaco, Sebastian Kurz, discutiu no final de fevereiro com o presidente russo, Vladimir Putin, "a possibilidade" de entregas da vacina, argumentando que as vacinas não devem ser alvo de "batalhas geopolíticas". Kurz, no entanto, disse que esperaria a aprovação da EMA antes de usar a vacina na Áustria.

A Sputnik V foi recebida com ceticismo pelos países ocidentais, mas está convencendo os cientistas, sobretudo depois que uma publicação da revista "The Lancet" apontou a eficácia de 91,6% nos casos sintomáticos de covid-19.

(Com informações da AFP)