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Investigação em Nova York verifica práticas de negócios de Trump e de sua empresa

02/07/2021 09h10

A empresa do ex-presidente americano Donald Trump, a Organização Trump, e seu diretor financeiro, Allen Weisselberg, foram formalmente acusados por fraude e crimes fiscais pela Justiça de Nova York, nesta quinta-feira (1). A promotoria descreve um esquema "abrangente e audacioso" de 15 anos de delitos financeiros, enquanto a defesa alega que o caso é uma perseguição política contra Trump.

Luiza Duarte, correspondente da RFI em Nova York

Depois de cerca de três anos de investigações, procuradores de Nova York descrevem um esquema de irregularidades fiscais desde 2005 e somam 15 acusações, dentre elas conspiração para fraudar, fraude fiscal e falsificação de registros comerciais. A acusação reuniu registros fiscais, documentação financeira e conta com o depoimento de potenciais testemunhas.  Eles alegam que a Organização Trump se envolveu em um esquema com o executivo Allen Weisselberg para evitar o pagamento de impostos estaduais e federais sobre certas compensações avaliadas em US$ 1,7 milhão.

O diretor financeiro da Organização Trump teria recebido benefícios não taxados, como um apartamento gratuito em Manhattan, carros e mensalidades de uma escola privada para ao menos um de seus netos. Weisselberg é acusado de ter sonegado US$ 900 mil em impostos e recebido outros US$ 133 mil em reembolsos fiscais indevidos. Ele também foi acusado de roubo e pode ser condenado a até 15 anos de prisão.

A Justiça de Nova York investigou as práticas da empresa que leva o nome do ex-presidente e quer saber se o valor de imóveis foi alterado para receber empréstimos e benefícios fiscais. A Organização Trump é a empresa da família Trump que possui hotéis, campos de golfe e outros imóveis. Trump e seus filhos não foram implicados diretamente no caso. Já Weisselberg se entregou à Justiça de Nova York e se declarou não-inocente. Segundo seu advogado, ele vai disputar as acusações no tribunal.  

Banido das redes sociais, Trump reagiu ao ocorrido através de uma declaração. Ele chamou o processo de "caça às bruxas" conduzida por "Democratas da esquerda radical" que estariam dividindo o país. Falando para jornalistas, a defesa do caso também sustentou que a ação judicial é motivada politicamente e que vai ganhar no tribunal. Ambos os procuradores da cidade de Nova York e do estado são Democratas. A Organização Trump em outra declaração acusou o procurador de Nova York de usar Weisselberg para prejudicar o ex-presidente Republicano. 

O processo vem sendo visto pela imprensa americana como um teste de lealdade para Weisselberg executivo sênior da Organização Trump. Nos últimos meses, ele vem sendo pressionado a apresentar informações que possam colaborar com a investigação. Procuradores comparam as declarações fiscais do executivo com a movimentação bancária e revisaram acordos financeiros realizados por ele. Weisselberg começou a carreira como contador trabalhando para o pai de Donald Trump e foi diretor financeiro da Organização Trump por mais de 20 anos. Ao todo, trabalhou 48 anos para a família Trump. 

Impacto na carreira política

As acusações reveladas são as primeiras depois de uma longa investigação conduzida pela Justiça de Nova York por suposta fraude fiscal e podem comprometer as chances do ex-presidente disputar as eleições presidenciais em 2024. Depois da derrota do último ano, Trump retomou recentemente a organização de comícios.  

Trump chegou à Casa Branca se apresentando como um homem de negócios de sucesso. Em seguida, foi alvo de dois impeachments e ao menos seis ex-colaboradores próximos a ele foram protagonistas de processos na Justiça. Uma batalha na Suprema Corte americana autorizou o acesso a oito anos de declarações de impostos do ex-presidente. 

O processo por irregularidades fiscais pode comprometer as finanças de sua futura campanha e afastar a doação de empresas e parceiros de negócios. Se a Organização Trump for considerada culpada, terá que pagar multa e estará sujeita a outras penas.