Topo

Começa julgamento de professora de alemão que levava cartaz antissemita em manifestação na França

08/09/2021 14h18

Cassandre Fristot, professora de alemão e ex-integrante do partido de extrema direita francesa Frente Nacional (hoje Reunião Nacional), que carregou um cartaz antissemita durante uma manifestação contra o passaporte sanitário no início de agosto, não compareceu ao tribunal criminal de Metz, no leste da França, nesta quarta-feira (8), onde está sendo julgada por "provocação ao ódio racial ".

Um dos seus advogados, François Wagner, explicou que a professora não foi porque "é vítima de ameaças: não iria se expor". A defesa também acusou jornalistas de quererem "forçar" sua cliente. "Ela recebeu 50 ligações de jornalistas."

"É uma pena que ela não esteja, gostaria de lhe fazer algumas perguntas", lamentou a presidente do tribunal, Marie-José Miceli. Ela teve que se contentar em ler as declarações de Cassandre Fristot feitas aos investigadores durante sua custódia.

"Eu queria denunciar os poderosos, eu os culpo por suas decisões e não por sua denominação religiosa", disse Cassandre Fristot.

O advogado da professora solicitou a anulação total do processo por vício formal antes do início das alegações dos advogados das 13 organizações civis.

"Nauseante antissemitismo"

David-Olivier Kaminski, advogado do Conselho Representativo das Instituições Judaicas na França (Crif), sublinhou assim o "nauseante antissemitismo" da placa carregada em 7 de agosto por Cassandre Fristot.

"Temos aqui uma jovem que recicla no século 21 as velhas práticas antissemitas do século 19", acrescentou o advogado da Liga Internacional contra o Racismo e o Antisssemitismo (Licra), Simon Burkatkzi. "Este caso faz parte do longo período de antissemitismo que cheira a naftalina", lamentou, pedindo "uma resposta criminosa clara e firme a esta nova forma de antissemitismo".

Em frente ao tribunal, cerca de 30 apoiadores da jovem de 33 anos gritaram "Cassandra tem razão" quando souberam que não havia mais espaço no tribunal. Eles também pediram a retirada dos muitos jornalistas presentes para lhes deixar assentos. Cerca de dez de seus apoiadores também circulavam pelo prédio, recitando rosários.

A divulgação de uma foto do cartaz, orgulhosamente ostentado pela professora de boina durante a manifestação em Metz no início de agosto, gerou protestos na classe política e nas organizações que lutam contra o racismo e o antissemitismo.

A jovem, professora substituta de alemão, foi suspensa. Ela pode pegar um ano de prisão e uma multa de € 45.000.

(Com informações da AFP)