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Diretor americano fala sobre longa filmado na Amazônia em pleno surto pandêmico de 2020

09/10/2021 05h10

A Amazônia por si só já é uma grande aventura. Mas, em plena pandemia, trouxe ainda mais desafios à equipe do cineasta americano Marlin Darrah que, em pleno surto em Manaus, em outubro de 2020, desembarcou na cidade para filmar "Amazon Queen" (Rainha da Amazônia). 

Cleide Klock, correspondente da RFI em Los Angeles

O longa teve pré-estreia em Hollywood e vai estar disponível a partir do dia 12 de outubro nas plataformas de exibição de filmes on-line nos Estados Unidos e no Canadá, mas a intenção é distribuí-lo para outros países. 

No enredo, um grupo de turistas embarca em um passeio para desbravar a floresta, conhecer aldeias indígenas e explorar a selva a bordo do Tucano, o barco onde acontece boa parte da trama. Mas, um assalto a banco e o mistério sobre onde foi parar o dinheiro levam os criminosos a se juntararem à excursão.

A aventura é recheada de belas paisagens, animais exóticos e cultura local. Como pano de fundo, os diálogos dão destaque à importância de preservar a floresta, impedir as queimadas e a exploração da mata por pecuaristas. 

No elenco principal, apenas um ator é brasileiro: Clayton Meek, que interpreta Silva, um dos assaltantes, com um papel importante na trama.

Há vinte anos, o paulista começou a se dedicar à carreira de modelo e atuar em comerciais. Esta é a primeira vez que ele participa de um filme americano. Meek está em Los Angeles desde 2016 e, no ano passado, se candidatou ao papel através de um site de recrutamento de atores.

"Eu fui uma das primeiras pessoas a serem selecionadas. Estou desde o comecinho do projeto. O diretor sempre perguntava minha opinião a respeito do Brasil, onde eu acabei servindo de guia turístico. Falando a língua fica muito mais fácil a comunicação com todo mundo", conta Clayton.

A equipe ficou 22 dias dias na Amazônia, isolada na maior parte do tempo no barco e sem contato com outras pessoas por causa da pandemia de Covid-19.

"Ficamos meio como uma família no barco perdido na Amazônia. O diretor Marlin Darrah queria fazer um filme para toda a família, que qualquer criança pudesse assistir, e que fosse informativo a respeito da Amazônia, do efeito da Ayahuasca e de outros aspectos da floresta", lembra o ator.

A fotografia é recheada de animais exóticos. No longa, a comunidade indígena Tukano também mostra um pouco da cultura local e participa como figurante.

Vida de documentarista

O diretor Marlin Darrah traz no currículo mais de uma centena de documentários de viagens feitos em 140 países, produzidos nas últimas quatro décadas, principalmente para National Geographic. "Amazon Queen" é um filme independente e a segunda ficção de Darrah. Ainda sem distribuidor internacional, o longa já foi agraciado com diversos prêmios em festivais independentes.

"Eu adoro o Brasil e já estive lá filmando pelo menos umas dez vezes. Na Amazônia, seis vezes e duas delas viajei pelo Rio Amazonas. Com esse filme, também queria convidar as pessoas para irem ao Brasil e celebrar a beleza da natureza de lá e das pessoas. Eu já conhecia o dono do barco (Tucano) e há muito tempo a gente conversava em transformá-lo em um cenário de filme", conta o diretor.

No elenco estão, além de Clayton Meek, Massi Furlan (Jumanji: Próxima Fase), Alfonso DiLuca (Jane, Virgin), Carly Diamond Stone (Beach Squad), Carson Grant (What Would You Do), Nick Dreselly Thomas, Vicky Dawson (The Prowler) e Cristina Encarnacion (Waves).

A trilha da floresta

A música Sempre Odara, da compositora e cantora brasileira, Carla Hassett, que também mora em Los Angeles, está no filme dando um tom Bossa Nova à aventura. Sempre Odara ganhou o prêmio de melhor Jazz de 2019 no prestigiado John Lennon Songwriting Contest.

"O Marlin me achou, a gente conversou e ele pediu várias músicas para ouvir. Mandei essa e ele disse: é essa, nem quero ouvir mais", conta Carla.

No filme, a música toca em um momento romântico do filme quando os turistas dançam ao som de Sempre Odara. A RFI falou com a cantora, ainda emocionada momentos após assistir ao filme. "Foi emoção total. Eu tenho músicas na televisão, já cantei em várias oportunidades, mas no telão é outra coisa"