Imprensa aponta equívoco de resposta do governo à crise social e sanitária nas Antilhas Francesas
Dois assuntos dominam as manchetes da imprensa nesta segunda-feira (29): a crise social e sanitária nas Antilhas Francesas e a viabilidade da candidatura do editorialista de extrema direita Eric Zemmour à presidência, em 2022.
Os jornais Le Figaro e Libération dedicam seus editoriais aos distúrbios nas ilhas de Guadalupe e da Martinica. O ministro dos territórios ultramarinos franceses, Sébastien Lecornu, chegou ontem ao Caribe para negociar uma saída de crise, mas a proposta que ele levou na bagagem, de dar maior autonomia administrativa às ilhas, não convence a imprensa.
O Le Figaro nota que os distúrbios na Guadalupe começaram com os protestos dos profissionais da saúde contra a obrigatoriedade de vacinação para evitar a Covid-19, mas depois "derivaram para um conjunto difuso de reivindicações que ninguém mais consegue compreender".
Uma onda de violência tomou conta da ilha há algumas semanas, com saques ao comércio e bloqueio de estradas. Policiais e jornalistas foram alvejados por manifestantes armados. A realidade, na avaliação do Le Figaro, é que a Guadalupe e a Martinica "vivem de ajuda do Estado". A economia não se desenvolveu e praticamente não existe produção local para dar emprego aos jovens. Ante esse problema crônico, os políticos locais pedem para serem tratados em pé de igualdade em relação a outras regiões francesas, "mas não param de solicitar favores ao governo", o que é para o Le Figaro uma incoerência.
O ministro enviado pelo presidente francês, Emmanuel Macron, às ilhas, levou a proposta de conceder maior autonomia administrativa à Guadalupe e à Martinica. Mas o Le Figaro vê essa abordagem da crise mais como uma jogada para acalmar os ânimos, do que uma solução duradoura aos problemas econômicos e sociais crônicos das Antilhas. Em termos de transferência de dinheiro, dar maior autonomia administrativa às duas ilhas teria os mesmos custos para o Estado francês, e "poderia abrir a porta a todo tipo de tráfico", teme o diário conservador.
O jornal progressista Libération tem a mesma desconfiança. Além da proposta de maior autonomia, Paris promete reconhecer até o fim do ano que a utilização do inseticida clordecona nas duas ilhas tornou milhares de seus habitantes inaptos ao trabalho. Estudos provaram que esse produto, usado na cultura da banana, desregulou o sistema hormonal de praticamente toda a população local, a ponto que o Estado promete reconhecer, até o fim deste ano, o câncer de próstata como uma doença profissional. A medida é bem-vinda, na avaliação do Libération, mas não resolve a crise atual.
Zemmour declina
A outra manchete do dia na imprensa francesa é o declínio nas intenções de voto em Eric Zemmour, o jornalista de extrema direita que estava subindo nas pesquisas para a sucessão do presidente Emmanuel Macron, em 2022. Capa do jornal Le Parisien, Zemmour, que poderá oficializar sua candidatura nesta semana, começou a cair nas sondagens de intenção de voto e perder apoio de seu círculo próximo. A razão, segundo o Le Parisien, é o discurso radical, xenófobo, misógino, anti-imigração e anti-Islã do pretensioso "salvador" da civilização francesa.
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