EUA confirmam expectativa e retiram as Farc da lista de organizações terroristas
A decisão foi tomada poucos dias depois do quinto aniversário do acordo de paz na Colômbia. O governo dos Estados Unidos decidiu retirar nesta terça-feira (30) as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) de sua lista de organizações terroristas.
Por Lucía Valentín
A medida americana, anunciada na véspera da comemoração do quinto aniversário da assinatura do acordo de paz, na última quarta-feira (24), foi confirmada nesta terça-feira por Washington. "O Departamento de Estado revoga a designação das Farc como organização terrorista estrangeira", afirmou o secretário de Estado, Antony Blinken, em um comunicado.
"Após um acordo de paz de 2016 com o governo colombiano, as Farc foram dissolvidas e desarmadas oficialmente. Elas não existem mais como organização unificada dedicada ao terrorismo ou a atividades terroristas, ou com a capacidade ou intenção de fazê-lo", acrescentou.
A retirada das Farc da lista americana não modifica, porém, a posição dos Estados Unidos sobre os processos judiciais iniciados ou previstos contra ex-líderes do grupo, sobretudo os suspeitos de narcotráfico, explicou Blinken.
Dasarmamento e partido político
A Colômbia celebrou os cinco anos do acordo histórico de 2016. A assinatura permitiu o restabelecimento da paz e o desarmamento das Farc, após um dos conflitos mais violentos e longos da América Latina, que deixou nove milhões de vítimas entre mortos, mutilados, sequestrados e desaparecidos. A guerrilha havia começado na década de 1960, em plena Guerra Fria.
Em virtude do tratado, as Farc viraram o partido político Comuns, com representação garantida no Parlamento, mas sem grande influência nas urnas. O texto prevê reformas políticas e agrárias que devem ser aplicadas até 2031.
A decisão tomada nesta terça-feira ajudará Washington a apoiar a aplicação do acordo, por exemplo, ajudando ex-combatentes que entregaram as armas. Esta é uma questão importante, disse à RFI Diego Martínez, um dos negociadores que criou a Jurisdição Especial para a Paz (JEP) da Colômbia. "O fato de integrar a lista (das Farc) impedia entidades de cooperação americana a, por exemplo, investir na reintegração de ex-combatentes. Este é um passo significativo que vai ajudar na implementação do acordo de paz", acredita Martínez.
Cerca de 13.000 guerrilheiros entregaram suas armas desde a assinatura do acordo.
Reconhecimento
O gesto americano foi também aplaudido na Colômbia pelo ex-comandante guerrilheiro, Rodrigo Londoño, mais conhecido como Timochenko. "Saúdo a decisão do Departamento de Estado dos Estados Unidos de remover as Farc da lista de organizações terroristas. É um reconhecimento do nosso compromisso com a paz e nosso cumprimento rigoroso com o que foi decidido no Acordo de Paz", escreveu ele no Twitter.
Os Estados Unidos designaram oficialmente as Farc como organização terrorista estrangeira em 1997, após seis décadas de confronto entre a guerrilha e o Estado colombiano. Em 24 de novembro de 2016, após negociações em Cuba, o grupo guerrilheiro depôs as armas e assinou o acordo de paz com o então presidente colombiano Juan Manuel Santos.
Apesar de o compromisso ter reduzido consideravelmente a violência, diversos grupos armados atuam no país, incluindo alguns dissidentes das próprias Farc.
(Com AFP)
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