Espanha acelera campanha de vacinação contra covid-19 e imuniza crianças
Diante do aumento de casos de covid-19 e a chegada da variante ômicron, a Espanha iniciou, ontem, sua campanha de vacinação para as 3,3 milhões de crianças entre 5 e 11 anos. Nos últimos 15 dias, o país registrou 200 mil casos de covid-19 e as autoridades estão preocupadas com o impacto das festas de Natal.
O governo espanhol enfrenta uma corrida contra o tempo: vacinar o máximo possível antes que a variante ômicron seja dominante no país. O risco na Espanha e na Europa aumenta com a chegada do inverno e do Natal. Além das festas familiares, há diversos eventos promovidos pelas empresas que geram focos de propagação, como foi o caso na Noruega.
A professora de Química Alejandra, por exemplo, teve cancelar uma confraternização porque alguns dos convidados estavam contaminados. "O risco, como sabemos, é associado à aglomeração, às áreas com pouca ventilação e ao número de pessoas reunidas", disse.
A engenheira de computação Maria, que também preferiu não revelar seu nome completo, acaba de voltar do Brasil e diz estar surpresa com o aumento de casos na Espanha, "bem mais numerosos do que ela esperava", conta. "Temos que ser prudentes nas saídas, nos contatos, nas reuniões de família e com a vacinação. Ou seja, com tudo!", ressalta.
De uma maneira geral, apesar da situação epidêmica desfavorável, as pessoas não cedem ao pânico. É o caso, por exemplo, de Roberto, funcionário aposentado, que estava sentado em um bar tomando uma taça de vinho quando conversou com a reportagem da RFI. "Na região de Madri, a situação é estável e sem grandes riscos no momento. Mas há regiões mais problemáticas, como Navarra, ou o País Basco", conta.
Os menores de 11 anos começaram a ser vacinados em escolas, centros de vacinação e hospitais, dependendo das regiões. O chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, disse esperar que a aplicação de vacinas em crianças faça de seu país "um exemplo para o mundo".
O governo lançou um anúncio na televisão para promover a imunização. Nele, algumas crianças dizem que a vacina os permitirá "para abraçar sem limites", "para ajudar a acabar com o vírus" e "para proteger os idosos". Uma pesquisa do instituto Appinio mostra que 74% dos pais espanhóis com filhos entre 5 e 11 anos pretendem vaciná-los.
"Vacinação não basta"
Ontem, o Centro Europeu para a Prevenção e o Controle de Doenças (ECDC) alertou que "só a vacinação não basta" para frear a variante ômicron, que em janeiro poderia ser dominante na região. A dez dias do Natal, o órgão aumentou em um nível sua avaliação de risco da cepa para "muito alta" e também recomendou medidas como o retorno ao trabalho remoto, além de prudência nas comemorações de fim de ano.
No entanto, o retorno das medidas sanitárias pode ser difícil de implementar em algumas regiões da Europa, após quase dois anos de pandemia. Na Alemanha, por exemplo, a polícia interveio ontem em Dresden (Saxônia), reduto do movimento antivacinas e de extrema-direita, após ameaças de morte proferidas no Telegram contra o ministro-presidente regional, Michael Kretschmer.
No Parlamento, o novo chanceler alemão, Olaf Scholz, disse que seu país "se defenderá" de uma "minoria de extremistas" antivacinas. Em certas regiões do país, como em Baviera ou Berlim, as autoridades começaram a vacinar os menores de 12 anos. Dinamarca, Áustria, Grécia, Hungria também iniciaram a imunização deste setor da população.
Outros países europeus, como Itália, Polônia, Portugal, República Tcheca, Chipre, ou as nações bálticas, iniciarão campanhas similares nos próximos dias. A Suíça tem a aprovação da agência reguladora, mas provavelmente a campanha começará apenas em janeiro.
Bélgica e Reino Unido também aguardam as recomendações de suas agências. Nos Estados Unidos, primeiro grande país a ampliar a vacinação dos menores de 11 anos, mais de cinco milhões de crianças já foram imunizadas. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), esta é a faixa etária que registra o maior número de contaminações.
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