Brasil alcança 80% de vacinados em todos os grupos etários acima de 40 anos
O novo boletim do Ministério da Saúde sobre o andamento da vacinação no país aponta que todos os grupos etários a partir de 40 anos de idade já estão com mais de 80% do público-alvo imunizado com duas doses ou dose única (Janssen) da vacina contra a covid-19.
Segundo o documento, a população-alvo estimada pelo ministério é de 176,4 milhões de pessoas —ou seja, com 12 anos ou mais. Hoje, a partir das 10h30, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) se reúne e decide se a vacina Pfizer poderá ser usada em crianças de 5 a 11 anos.
Da faixa etária já contemplada com direito à vacina, 129,7 milhões receberam a segunda ou a dose única até o dia 29 de novembro, o equivalente a uma cobertura vacinal de 73%.
As idades com maiores coberturas vacinais são justamente aquelas compostas por pessoas mais velhas. Confira o percentual de imunizados com duas doses ou dose única por faixa etária:
- 90 anos ou mais - 81%
- 85 a 89 anos - 97,2%
- 80 a 84 anos - 101,1%*
- 75 a 79 anos - 97%
- 70 a 74 anos - 98,3%
- 65 a 69 anos - 99,5%
- 60 a 64 anos - 97,2%
- 55 a 59 anos - 92,3%
- 50 a 54 anos - 86,7%
- 45 a 49 anos - 84,9%
- 40 a 44 anos - 82,6%
- 35 a 39 anos - 76,4%
- 30 a 34 anos - 69,5%
- 25 a 29 anos - 65,5%
- 20 a 24 anos - 59%
- 18 a 19 anos - 55%
- 12 a 17 anos - 19,5%
* No caso, como são estimativas de população, pode ocorrer de o percentual ultrapassar 100%
"Na análise relativa aos grupos de idade, o perfil de cobertura vacinal guarda relação direta com com a oportunidade de oferta da vacina em cada grupo de idade. Os idosos (a partir de 60 anos) são os que apresentaram melhor cobertura", afirma o boletim.
Já em termos de primeira dose, o documento ressalta que são 159 milhões de pessoas que receberam a vacina, o que equivale a 91% do grupo-alvo.
"A menor cobertura com D1+DU [primeira dose e dose única] nos diferentes grupos etários foi superior a 74% e corresponde a pessoas entre 12 a 17 anos de idade contempladas com a vacina mais tardiamente. Já nos grupos de 18 e 19 anos até 50 a 54 anos de idade as coberturas vacinais estiveram acima de 80%", diz o documento.
Bom, mas longe de resolver
Para Renato Kfouri, diretor da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), a adesão dos brasileiros à vacinação contra a covid-19 é muito boa. "Vamos terminar o ano entre os países que vacinaram maior percentual da população. Mas nenhuma surpresa nisso: apesar das campanhas contrárias e da desinformação, continuamos bons vacinadores e com recusa vacinal muito baixa", afirma.
Entretanto, ele diz que os bons índices não dão brecha para relaxamento e que o país precisa seguir atento com as doses de reforço e busca ativa de não vacinados.
"Não existe percentual mágico que dê garantia de relaxamento. Estamos falando de uma vacina que não previne totalmente infecção, de uma doença que tem reinfecção e de uma imunização que perde efeito com o tempo", destaca.
Então, são três os pilares que mantêm uma população prevenida: uma base maior possível de população vacinada, incluindo as crianças; cobertura vacinal homogeneizada pelo país, sem bolhas de não vacinados; e ao mesmo tempo reforço de doses àqueles que perdem a proteção."
Renato Kfouri, da SBIm
Norte e Nordeste com menores taxas
Os percentuais de doses aplicadas nos estados de Norte e Nordeste são os menores. Segundo o boletim do ministério, mesmo entre as faixas etárias mais elevadas, alguns estados não alcançaram boa cobertura.
Os estados com menores coberturas (DU + D2) a partir de 50 anos:
- 80 anos ou mais - 89,3% (Roraima)
- 75 a 79 anos - 86,2% (Amazonas)
- 70 a 74 anos - 88,2% (Maranhão)
- 65 a 69 anos - 85,8% (Maranhão)
- 60 a 64 anos - 80,3% (Maranhão)
- 55 a 59 anos - 72,9% (Ceará)
- 50 a 54 anos - 66,3% (Bahia)
Os percentuais, porém, podem estar superestimados, já que há um atraso no cadastro de cerca de 30% das doses aplicadas pelos municípios no sistema do PNI (Programa Nacional de Imunização), em especial nas regiões Norte e Nordeste.
"Nós temos nesses dados números que não são totalmente confiáveis ou reais. Há municípios que não cadastram as doses dadas e sistemas de saúde entre entes que não dialogam e podem gerar distorções", reforça Renato Kfouri, da SBIm.
No sábado passado, o UOL revelou que os estados da Amazônia têm sofrido especialmente com o negacionismo, o que levou gestores a montarem forças-tarefa para tentar convencer moradores a se imunizarem. A maior preocupação é a provável entrada em circulação da variante ômicron no Brasil.
Necessidade das doses de reforço, diz ministério
O ministério alerta agora que um dos focos agora é buscar as pessoas já aptas à dose de reforço, "tendo em vista uma população estimada em mais de 30 milhões de pessoas já com tempo suficiente de ter completado o seu esquema vacinal e o intervalo indicado para receber o reforço".
De acordo com a Rede Nacional de Dados em Saúde, até o dia 7 de dezembro foram 14 milhões de doses de reforço aplicadas, das quais 9 milhões (61% do total) em idosos a partir de 60 anos.
"A despeito da redução de casos e óbitos, ainda é preocupante a situação da covid-19, em particular nestes grupos populacionais, tendo em vista serem de maior risco de adoecimento e morte. Além disso, preocupa o surgimento de novas variantes do vírus", diz o documento da pasta.
Outro fator que tem chamado a atenção é que mais de 26 milhões das 156 milhões de pessoas que receberam a primeira dose não apareceram para tomar a segunda. Nesse contingente, porém, deve haver doses que foram aplicadas, mas ainda não foram inseridas pelos municípios no sistema por problemas de conectividade ou de equipamentos.
A quantidade de faltosos é elevada, não obstante os alertas feitos pelos gestores e profissionais de saúde, a adoção de estratégias na busca dos faltosos com realização de Dia D de Vacinação e persistência de noticiários sobre faltosos feitos pelas diferentes mídias."
Boletim do Ministério da Saúde
O ministério defende no boletim que medidas devem ser adotadas por todos os entes federativos para que ninguém deixe de se vacinar de forma completa.
"Reitera-se a necessidade esforços adicionais empreendidos pelas três esferas de gestão do SUS, como a busca de parceiros para avançar no processo de vacinação, melhorar as coberturas vacinais, reduzir o abandono de vacinação (faltosos) e o atraso no registro de doses aplicadas, condições fundamentais para definir intervenção minimizar os riscos de adoecimento e mortes por covid-19", finaliza.
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