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China rejeita falar de "invasão" da Ucrânia e diz compreender "preocupações da Rússia"

24/02/2022 13h03

A China rejeitou nesta quinta-feira (24) o termo "invasão" para descrever a ofensiva militar russa na Ucrânia e disse que entende as "legítimas preocupações de segurança" da Rússia.

O presidente russo, Vladimir Putin, que há semanas culpava o Ocidente por ignorar suas exigências de segurança, lançou uma campanha militar na Ucrânia na manhã desta quinta-feira (24). Ele assegurou de que não se trata de uma operação de "ocupação", mas de uma "desmilitarização da Ucrânia", para livrar o país dos "neonazistas" que tomaram o poder.

"A China está acompanhando de perto os últimos acontecimentos. Exortamos todas as partes a exercerem contenção para que a situação não fique fora de controle", disse Hua Chunying, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês.

Em uma conferência de imprensa em Pequim, a porta-voz rejeitou as expressões usadas por alguns jornalistas para se referir ao ataque da Rússia à Ucrânia. "Esta talvez seja uma diferença entre a China e os governos do Ocidente. Nós não tiramos conclusões precipitadas", disse ela.

"No que diz respeito à definição de invasão, penso que temos de voltar à forma como encaramos a situação atual na Ucrânia. A questão ucraniana tem outro contexto histórico muito complicado que continua até os dias de hoje. Pode não ser o que todos querem ver", argumentou.

O ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, indicou através de um comunicado que conversou com seu homólogo russo Sergei Lavrov. Wang disse que a situação atual era o resultado de uma história "complexa" e que a China entendia as "preocupações legítimas de segurança" da Rússia.

"Assoprando as brasas"

Vladimir Putin foi recebido pelo presidente chinês, Xi Jinping, em 4 de fevereiro à margem da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim. Os dois líderes anunciaram uma parceria estratégica para combater a influência dos Estados Unidos na região. No campo diplomático, a China geralmente enfatiza o princípio da não-interferência nos assuntos internos dos países.

Hua Chunying, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, disse que a Rússia, como potência independente, não precisava buscar a permissão de Pequim, em resposta à pergunta de um jornalista sobre se a China havia sido avisada de uma ofensiva russa planejada na Ucrânia.

Os Estados Unidos e seus aliados europeus prometeram rígidas sanções contra a Rússia por causa do ataque à Ucrânia. "Alguns países seguiram os Estados Unidos ao assoprar as brasas do conflito", disse Hua Chunying. "Opomo-nos a qualquer ação que agrave a guerra", completou.

Ela exortou a Europa a pensar nas melhores maneiras de preservar a paz no continente. "Nesta fase, devemos nos perguntar se já fizemos o suficiente na mediação", disse a porta-voz, referindo-se aos europeus.

A China não pediu a seus cerca de 6.000 cidadãos na Ucrânia que deixassem o país. Mas os recomendou a ficarem em casa ou, pelo menos, a exibirem uma bandeira chinesa em seus veículos, caso tenham que viajar.

(Com informações da AFP)