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Meio milhão de refugiados já deixaram a Ucrânia, segundo a ONU

28/02/2022 15h44

Mais de meio milhão de refugiados ucranianos que fogem da invasão russa ordenada por Vladimir Putin estão em países que fazem fronteira com a Ucrânia, de acordo com o último balanço da ONU, divulgado nesta segunda-feira (28).  

"Mais de 500.000 refugiados já deixaram a Ucrânia para países vizinhos", tuitou Filippo Grandi, Alto Comissário da ONU para os Refugiados. Pouco antes, a agência da ONU havia publicado uma contagem de 499.412 pessoas que fugiram dos violentos combates entre as tropas russas e o exército ucraniano, desde quinta-feira (24), data do início da ofensiva.

Elas partem em trens lotados, de carro e às vezes a pé mesmo e com pouca bagagem. A maioria é de mulheres e crianças que são atendidas assim que cruzam a fronteira. Os homens em idade de combate ( de 18 a 60 anos) não podem deixar a Ucrânia e foram chamados a defender o país frente à invasão do exército russo.

Polônia é o principal destino

A Polônia abriga o maior número de refugiados que chegam em um fluxo constante, desde o início da invasão russa. No total, o país recebeu 281 mil pessoas, de acordo com a contagem do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

Na Polônia, país que já abrigava cerca de 1,5 milhão de ucranianos e declarou seu apoio inabalável à Ucrânia, as pessoas estão se organizando através das redes sociais, coletando dinheiro, medicamentos, oferecendo acomodação, refeições, trabalho ou transporte gratuito para os refugiados.

Nesta segunda-feira, a Hungria recebeu 84.586 refugiados, ainda segundo a contagem do ACNUR. O país tem cinco postos de fronteira com a Ucrânia e várias cidades fronteiriças, como Zahony, converteram prédios públicos em centros de assistência, onde civis húngaros oferecem comida.

A Moldávia recebeu, até agora, 36.398 refugiados. Já a Romênia declarou que 32.517 pessoas que fugiram da Ucrânia chegaram ao país, onde dois acampamentos foram montados para receber essas pessoas.

Cerca de 30 mil refugiados cruzaram a fronteira com a Eslováquia, desde quinta-feira, aponta o ACNUR, que também especificou que outros 34.600 continuaram o seu caminho, uma vez que a fronteira ucraniana foi cruzada, em direção a outros países europeus.

Reino Unido recebe críticas por falta de generosidade

Nesta segunda-feira, o Reino Unido prometeu aliviar seus requisitos para receber mais ucranianos que tenham família no Reino Unido. Porém, descartou abrir suas fronteiras completamente para refugiados que fogem da invasão russa. "As verificações biométricas e de segurança são fundamentais... e continuarão sendo", disse a secretária do Interior britânica, Priti Patel, à Câmara dos Comuns. "Elas são vitais para manter os britânicos seguros," acrescentou.

Londres atraiu críticas por sua falta de generosidade em receber ucranianos que fogem de seu país, após a invasão russa. Agindo de forma mais comedida do que seus vizinhos europeus, o primeiro-ministro, Boris Johnson, anunciou no domingo (27) que os residentes do Reino Unido poderiam trazer familiares imediatos que moram na Ucrânia.

De acordo com o ministério do Interior britânico, essa "rota humanitária sob medida" pode permitir que cerca de 100 mil pessoas "encontrem refúgio" no Reino Unido.

Se os parentes "dos britânicos não atenderem aos critérios usuais [para um visto], mas passarem nas verificações de segurança, [nós] daremos a eles permissão para entrar no Reino Unido", disse Patel. O que "dá a possibilidade aos britânicos e a qualquer pessoa estabelecida no Reino Unido de trazer os membros de sua família ucraniana imediata".

Porém, os críticos do governo foram alimentados, no fim de semana, pelo secretário de Imigração do Reino Unido, Kevin Foster. Em um tuíte, que foi posteriormente excluído, ele disse que os ucranianos poderiam ser recebidos como trabalhadores sazonais, aumentando a indignação. Uma charge publicada no jornal The Times, nesta segunda-feira, mostrava o ministro do Interior perguntando a uma família ucraniana presa em um prédio em chamas se eles estavam "dispostos a colher frutas" em troca de uma escada para resgatá-los.

Observadores apontam para a diferença entre os compromissos assumidos pelo Reino Unido e pela União Europeia, que apoia a proteção temporária para os ucranianos lhes permitindo permanecer e trabalhar na UE por até três anos.

A deputada trabalhista Yvette Cooper classificou de "vergonhoso" que o governo britânico decida acolher apenas familiares próximos de ucranianos estabelecidos no Reino Unido.

A primeira-ministra escocesa, a separatista Nicola Sturgeon, pediu através do Twitter a suspensão das "exigências de visto para todos os ucranianos que desejam entrar no Reino Unido, como fazem outros países".

Jogadores brasileiros conseguiram deixar Ucrânia

Vários jogadores brasileiros que atuam na Ucrânia conseguiram deixar o país para a Romênia, depois de pedir ajuda após a invasão russa, anunciou o clube Shakhtar Donetsk nesta segunda-feira. "Os jogadores brasileiros do Shakhtar deixaram a Ucrânia com suas famílias. Eles cruzaram a fronteira na segunda-feira", disse o clube ucraniano em comunicado, assegurando que outros jogadores do Dínamo, de Kiev, também conseguiram viajar para a Romênia.

Os jogadores e suas famílias se reuniram, nos últimos dias, em um hotel em Kiev e postaram um vídeo nas redes sociais pedindo apoio ao governo brasileiro.

"Depois de 16 horas de viagem, acabamos de cruzar a fronteira entre a Ucrânia e a Moldávia. Agora temos mais de sete horas de ônibus para Bucareste, de onde vamos viajar para o Brasil", escreveu no Instagram Matheus Assaf, agente do jogador Vinicius Tobias, do Shakhtar.

O Shakhtar Donetsk, que conta com treze jogadores brasileiros no seu elenco, segundo o seu site oficial, salientou que esta saída dos atletas foi possível graças ao presidente da UEFA, Alexander Ceferin, e aos seus homólogos das federações ucraniana e moldava.

O treinador italiano do clube de Donetsk, Roberto de Zerbi, também se mostrou "feliz por voltar" para o seu país, num vídeo publicado no Instagram, no qual aparece cercado por sua equipe técnica. "Mas não ficaremos felizes enquanto nossos jogadores ucranianos, nossos amigos ucranianos e todo o povo ucraniano, o orgulhoso povo ucraniano, não forem tão livres quanto nós", acrescentou.