Le Monde relembra descaso pela morte de congolês Moïse, "símbolo das agressões racistas no Brasil"
O site do jornal Le Monde publica nesta quarta-feira (18) o perfil do congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, espancado até a morte no começo do ano em um quiosque na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. O bárbaro assassinato continua sob investigação no Ministério Público do Rio de Janeiro.
O site do jornal Le Monde publica nesta quarta-feira (18) o perfil do congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, espancado até a morte no começo do ano em um quiosque na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. O bárbaro assassinato continua sob investigação no Ministério Público do Rio de Janeiro.
A correspondente do diário na capital fluminense, Anne Vigna, escreve que o garçom de 24 anos se tornou o símbolo das agressões racistas no Brasil. No país, "três quartos das vítimas de homicídios são pessoas negras", destaca.
Le Monde relembra que as cenas da morte de Moïse dominaram os jornais na TV e viralizaram nas redes sociais. Imagens das câmeras de segurança do próprio quiosque onde o jovem trabalhava mostram ele sendo espancado por três homens até a morte.
Na época, nenhuma investigação foi aberta pela polícia do Rio, lembra a matéria. Foi apenas após os protestos organizados pela família e os amigos de Moïse que as autoridades mobilizaram. A opinião pública se sensibilizou com as denúncias e milhares de pessoas saíram às ruas para denunciar a violência, que hoje é alvo de uma investigação no Ministério Público do Rio de Janeiro.
Segundo o jornal, a cor da pele de Moïse explica a natureza do crime: "75,5% das vítimas de homocídio em 2020 eram pessoas negras", sublinha. "Se Moïse fosse branco, ele estaria vivo hoje, tenho certeza. No Brasil, se alguém bate em um negro, todo mundo pensa que é um ladrão e ninguém reage", disse Sammy, o irmão mais velho de Moïse, em entrevista ao jornal Le Monde.
A correspondente descreve que hoje, a algumas ruas de onde o congolês foi espancado até a morte, um grafite o representa, exibindo a palavra "justiça". Enquanto isso, dezenas de africanos continuam a desempenhar a mesma função do jovem congolês em quiosques em praias do Rio, em atividades descritas como trabalho escravo pelos investigadores. Segundo as estatísticas mais recentes das autoridades locais, que datam de 2021, 1.663 pessoas se encontram em condições comparáveis ao trabalho escravo, das quais 82% são negras.
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