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União Europeia faz embargo ao petróleo russo e Moscou suspende fornecimento de gás à Holanda

31/05/2022 07h10

Kiev venceu a batalha pelo embargo europeu ao petróleo russo, o que deve ter impacto no financiamento da "máquina de guerra" de Moscou. Nesta terça-feira (31), dia seguinte à decisão das novas sanções ao Kremlin, a empresa russa de gás Gazprom anunciou a suspensão de fornecimento à Holanda.

Os 27 países membros da União Europeia concordaram durante a madrugada de segunda (30) para terça-feira sobre um embargo gradual contra Moscou. Trata-se inicialmente do fornecimento de petróleo transportado por barco, ou seja, dois terços das compras europeias do ouro negro russo. Uma isenção temporária foi concedida para o petróleo transportado por oleoduto, a fim de driblar o veto de Budapeste.

"Isso cortará uma enorme fonte de financiamento para a máquina de guerra da Rússia", tuitou o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

A extensão do embargo às entregas por oleoduto será discutida "o mais rápido possível" e, no total, 90% das exportações de petróleo russo para a União Europeia serão interrompidas até o final do ano, afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente francês, Emmanuel Macron.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já havia desafiado os europeus sobre a necessidade de enfrentar o Kremlin, em uma mensagem de vídeo transmitida durante a cúpula extraordinária em Bruxelas. "O ponto chave, claro, é o petróleo. A Europa terá que desistir do petróleo russo. Porque a própria independência dos europeus da arma energética russa está em jogo", declarou ele na noite desta segunda-feira em seu discurso diário a seus compatriotas, antes mesmo do acordo anunciado em Bruxelas.

O sexto pacote de sanções europeias também inclui a exclusão de três bancos russos do sistema financeiro internacional Swift, incluindo o Sberbank, o principal estabelecimento do setor no país.

Fornecimento à Holanda suspenso

Nesta terça-feira, em seguida ao anúncio do novo pacote de sanções, a empresa russa de gás Gazprom anunciou que suspendeu suas entregas ao fornecedor holandês GasTerra, diante de sua recusa em pagar em rublos, uma disputa decorrente da ofensiva militar russa contra a Ucrânia.

"A Gazprom interrompeu completamente suas entregas de gás para a GasTerra B.V. (Holanda) devido ao não pagamento em rublos", anunciou a gigante russa em comunicado em seu sistema de mensagens Telegram.

Em resposta às sanções impostas pela União Europeia após a ofensiva russa na Ucrânia, o presidente russo Vladimir Putin exigiu que os compradores de gás russo de países "hostis" paguem em rublos, sob pena de serem privados de suprimentos, apesar dos contratos que preveem pagamentos em euros ou dólares. O grupo GasTerra havia recusado, exigindo o cumprimento das obrigações contratuais e observando que os pagamentos como o Kremlin exige apresentam "um risco de violação das sanções estabelecidas pela UE".

Os holandeses dependem da Rússia para cerca de 15% de seu suprimento de gás, cerca de 6 bilhões de m³ por ano, de acordo com o governo. Isso é menos do que a média europeia de 40%, mas, como outros países europeus, a Holanda está tentando reduzir sua dependência da energia russa.

A decisão da gigante russa de energia significa que 2 bilhões de m³ de gás não serão fornecidos à Holanda até outubro, alertou a GasTerra, acrescentando que "havia previsto esta situação comprando gás em outros lugares". A Rússia já havia cortado gás pelo mesmo motivo para Finlândia, Bulgária e Polônia.

Crise alimentar no "cardápio" de terça-feira

Os líderes europeus também aprovaram nesta madrugada a concessão de 9 bilhões de euros ao governo ucraniano para cobrir suas necessidades imediatas de caixa para manter sua economia funcionando.

Este segundo e último dia da cúpula também deve abordar a questão da transição energética do continente, para reduzir a dependência do gás russo, e também a crise alimentar ligada à guerra na Ucrânia, que ameaça em especial o continente africano.

O presidente russo, Vladimir Putin, disse a seu colega turco, Recep Tayyip Erdogan, em uma conversa telefônica, na segunda-feira, que a Rússia estava pronta para trabalhar com a Turquia na livre circulação de mercadorias no Mar Negro, incluindo "a exportação de grãos dos portos ucranianos", de acordo com um comunicado do Kremlin.

A Ucrânia e os países ocidentais acusam Moscou de bloquear os portos ucranianos do Mar Negro, o que as autoridades russas negam.

Um primeiro navio

Um navio comercial deixou o porto de Mariupol pela primeira vez desde que a cidade foi capturada pelas forças russas e está indo para o leste da Rússia com uma carga de metal, revelou o líder separatista pró-Rússia da região nesta terça-feira.

A Ucrânia afirmou que o envio de metal para a Rússia a partir de Mariupol, cuja captura deu a Moscou uma ponte terrestre ligando a Rússia continental à Crimeia anexada, seria pilhagem.

"Hoje, 2,5 mil toneladas de chapas laminadas deixaram o porto de Mariupol", escreveu Denis Pushilin, líder do autoproclamado estado pró-russo República Popular de Donetsk, no aplicativo Telegram. "O navio está indo para [a cidade russa de] Rostov".

A Rússia assumiu o controle total de Mariupol no início deste mês, quando mais de 2,4 mil combatentes ucranianos se renderam às forças russas na siderúrgica sitiada de Azovstal. Na semana passada, a Rússia afirmou que o porto havia sido limpo de minas e estava novamente aberto ao transporte comercial.

(Com informações AFP)