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Rússia destrói depósito de armas e deixa ao menos 22 feridos em raro ataque no oeste da Ucrânia

Edifício destruído por um ataque militar da Rússia na cidade de Lysychansk, em Luhansk - REUTERS/Oleksandr Ratushniak
Edifício destruído por um ataque militar da Rússia na cidade de Lysychansk, em Luhansk Imagem: REUTERS/Oleksandr Ratushniak

12/06/2022 08h13

Os combates se intensificam no leste da Ucrânia, mas, na noite de sábado (11), bombardeios russos visaram também Tchortkiv, no oeste. Ao menos 22 pessoas ficaram feridas no ataque que, segundo Moscou, tinha o objetivo de destruir armamentos fornecidos pelos países ocidentais a Kiev.

As tropas russas concentram seus combates na região do Donbass, no leste. No entanto, em um dos raros ataques à região ocidental da Ucrânia, perto da fronteira com a Romênia e a Moldávia, a Rússia diz ter visado um armazém de material militar.

Um comunicado divulgado neste domingo (12) pelo Ministério da Defesa russo afirma que "mísseis Kalibr, lançados a partir do mar Negro, destruíram perto de Tchortkiv um grande depósito de sistema de mísseis, de sistemas de defesa aérea e de morteiros fornecidos ao regime de Kiev pelos Estados Unidos e países europeus".

Segundo autoridades ucranianas, esse ataque deixou ao menos 22 feridos, entre eles, vários civis. Em uma coletiva de imprensa transmitida pelas redes sociais, o governador regional Volodymyr Trouch afirmou que as vítimas foram hospitalizadas. "Há sete mulheres e uma criança de 12 anos", ressaltou.

Trouch confirmou que "uma instalação militar foi parcialmente destruída" no bombardeio russo e "residências de civis foram danificadas". A cidade, que antes da guerra contava com cerca de 30 mil habitantes, está a 140 quilômetros ao norte da fronteira com a Romênia e a 200 quilômetros de Lviv, a maior cidade no oeste da Ucrânia.

Ao contrário do leste e do sul do país, onde se concentram os combates atualmente, o oeste é raramente alvo de ataques dos russos. É nesta parte da Ucrânia que se encontram armazéns com material bélico fornecido ao país por nações ocidentais.

Severodonetsk ainda resiste

A região do Donbass, no leste, foi alvo de intensos bombardeios noturnos, principalmente nos arredores de Kharkiv, Lugansk e Donetsk. Combates violentos são registrados em torno de Severodonetsk, onde combatentes ucranianos ainda resistem.

A tomada dessa cidade é crucial para Moscou porque abriria caminho para outra grande cidade, Kramatorsk, uma etapa importante para conquistar a totalidade desta bacia mineradora da Ucrânia."O inimigo tenta intensificar a concentração de suas tropas, mas as forças ucranianas resistem com sucesso em Severodonetsk, perto de Metiolkine, onde os ocupantes recuaram", e "perto de Popasna", indicou o Estado-Maior ucraniano no sábado.

Um líder separatista de Lugansk, Leonid Pasechnik, admitiu que "Severodonetsk não foi 100% libertada". "No momento, não conseguimos controlar a zona industrial", afirmou. "Mas atingiremos nosso objetivo, libertaremos a zona industrial. Severodonetsk (...) e Lysychansk serão nossas", acrescentou.

Em Lysychansk, os moradores enfrentam um dilema: ficar e suportar os bombardeios ou fugir e abandonar suas casas. As autoridades ucranianas recomendam que os civis deixem o local. "A Rússia quer devastar cada cidade do Donbass, cada uma delas, sem exagero", declarou o presidente Volodymyr Zelensky na sexta-feira (10).

Longa guerra

Especialistas acreditam que o conflito deva durar ainda vários meses. "A Rússia segue dispondo de potencial suficiente para travar uma longa guerra contra nosso país", afirmou o departamento de inteligência militar do Ministério da Defesa da Ucrânia.

Os Estados Unidos e a União Europeia (UE) apoiam o governo ucraniano, fornecendo armas e aplicando de duras sanções contra a Rússia. No entanto, Kiev vem pressionando os governos ocidentais para obter armas de longo alcance e um embargo às importações de combustíveis russos, dos quais muitos países europeus dependem atualmente.

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

No sábado, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, se reuniu com Zelensky na capital ucraniana com o objetivo de conversar sobre a candidatura do país à UE. Líderes das 27 nações devem se pronunciar na próxima semana em relação a uma possível adesão da Ucrânia ao bloco.

Kiev tenta convencer a UE para a adoção de um "compromisso jurídico" que permita acelerar o exame de sua candidatura, como forma de reduzir a vulnerabilidade geopolítica do país. A questão também deve ser discutida na próxima reunião de cúpula do bloco, em 23 e 24 de junho. Vários altos funcionários e líderes europeus alertaram que, mesmo que a Ucrânia obtenha o status de país candidato, um processo de admissão pode levar anos ou até décadas.

(Com informações da AFP)