Topo

Após início de trégua, Israel reabre passagem na fronteira com Gaza para envio de ajuda humanitária

08/08/2022 09h59

Um precário cessar-fogo entrou em vigor na noite de domingo (7) entre o grupo armado Jihad Islâmica e Israel, após três dias de hostilidades na Faixa de Gaza, que deixaram 44 mortos. Na manhã desta segunda-feira (8), o governo israelense abriu o posto de Kerem Shalom, no sul do território palestino, para o envio de ajuda humanitária e combustíveis ao enclave.

Com informações de Michel Paul, correspondente da RFI em Jerusalém, e da AFP

Caminhões transportando combustível foram vistos entrando, nesta segunda-feira, na Faixa de Gaza, através da passagem de Kerem Shalom, um dos poucos pontos de comunicação com o exterior do enclave, que está há mais de 15 anos sob um rígido bloqueio israelense.

A única central elétrica do território foi obrigada a interromper as atividades no sábado (6) por falta de combustível, depois que Israel fechou o posto na fronteira com a Faixa de Gaza. O local foi reaberto nesta manhã "por razões humanitárias", anunciou em um comunicado o Cogat, o serviço do ministério da Defesa de Israel que monitora as atividades civis nos territórios palestinos. "O retorno à rotina dependerá da evolução da situação e do respeito à segurança", completa a nota.

Após o início da trégua, alcançada com a mediação do Egito - negociador histórico entre Israel e os palestinos - o Estado hebreu também anunciou a retomada do tráfego ferroviário nas proximidades de Gaza e autorizou seus cidadãos que moram perto das localidades limítrofes com o território palestino a sair dos abrigos antiaéreos.

Cessar-fogo precário

O escritório do primeiro-ministro israelense, Yair Lapid, indicou que a trégua entrou em vigor às 23h30 pelo horário local, sublinhando que o país "se reserva o direito de responder firmemente a qualquer violação". Em Gaza, a Jihad Islâmica afirmou que "cessaria as hostilidades" a partir da hora determinada, mas retaliaria "a toda agressão" por parte dos israelenses. 

Até os últimos minutos antes do início do cessar-fogo, o Exército de Israel atacou posições do grupo armado palestino. No sul do território israelense, sirenes de alerta chegaram a soar, anunciando um novo ataque da Jihad Islâmica, mas que não chegaram a acontecer.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, elogiou a iniciativa e agradeceu ao presidente egípcio, Abdel Fattah Al-Sissi, pelo papel de seu país como mediador. O chefe da Casa Branca também pediu uma investigação sobre as circunstâncias das mortes de civis, que chamou de "tragédia". Entre os 44 óbitos, havia 15 crianças, além de cerca de 360 feridos. 

Em Israel, três pessoas ficaram feridas por disparos de foguetes, desde sexta-feira. O Exército do país afirmou que centenas de projéteis foram lançados contra seu território a partir de Gaza, mas a maioria foi interceptada.

O enviado da ONU para o Oriente Médio, Tor Wennesland, celebrou o acordo, mas recordou em uma mensagem no Twitter que "a situação continua sendo muito frágil". 

Para cumprir o cessar-fogo a Jihad Islâmica exige que o Egito continue atuando a favor da libertação de dois membros do grupo detidos na Cisjordânia por Israel. Trata-se de Halil Awawdeh, em greve de fome há 150 dias, e Bassem el-Saadi, cuja prisão deu origem à espiral de violências. No entanto, se a trégua parece durar até meados da tarde desta segunda-feira, Israel já anunciou que não tem intenção de libertar os dois integrantes da facção.