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Risco para beluga perdida no Sena é nadar em direção a Paris, diz presidente de ONG

08/08/2022 13h20

Mais esperançosa do que no domingo, Lamya Essemlali, presidente da ONG Sea Shepherd deu uma entrevista nesta segunda-feira (8) à RFI sobre a baleia beluga que está perdida no Sena. Ela foi avistada pela primeira vez na terça-feira (2), mas só foi localizada na quinta-feira (4). Desde então, equipes do governo e ONGs tentam resgatá-la ou, ao menos, alimentá-la e guiá-la em direção ao mar, até agora sem sucesso. 

Mais esperançosa do que no domingo, Lamya Essemlali, presidente da ONG Sea Shepherd deu uma entrevista nesta segunda-feira (8) à RFI sobre a baleia beluga que está perdida no Sena. Ela foi avistada pela primeira vez na terça-feira (2), mas só foi localizada na quinta-feira (4). Desde então, equipes do governo e ONGs tentam resgatá-la ou, ao menos, alimentá-la e guiá-la em direção ao mar, até agora sem sucesso. 

Dois meses após terem assistido à morte de uma orca que se perdeu no Sena, ONGs e autoridades francesas se esforçam ao máximo para salvar a beluga, uma espécie de cetáceo que vive habitualmente em águas frias. 

Na sexta-feira (5), o mamífero marinho estava entre duas eclusas a meio caminho entre Paris e o porto de Le Havre, onde o Sena deságua. As autoridades francesas lançaram um alerta e pediram a "toda a população que não tente se aproximar ou entrar em contato com o animal".

Nadando a cerca de 70 quilômetros de Paris, a beluga perdida tem sido acompanhada diariamente desde que foi localizada

Lamya Essemlali, presidente da ONG Sea Shepherd, falou à RFI diretamente das margens do Sena, no departamento do Eure, onde o cetáceo está nadando. 

"Por enquanto, ela continua bastante curiosa, ela tem um comportamento que nos deixa esperançosos. Não há degradação de seu estado. Hoje, por volta de 4:00 horas da manhã, ela se esfregou nas margens do rio e se livrou das manchas que tinha nas costas, só não sabemos se foi graças aos antibiótios que foram administrados e começaram a fazer efeito, mas ela está visualmente melhor.

Essemlali explica que as equipes de resgate continuam na tentativa de alimentar o cetáceo: "Antes, ela ignorava completamente tudo o que oferecíamos. Agora, ela se aproxima, olha, mas não temos como saber se ela come, porque a água é muito turva, e é muito difícil saber o que ela faz a cada vez que está submersa", conta. 

A presidente da Sea Shepherd disse que um dos motivos de ter esperanças de que a beluga não tenha o mesmo destino da orca que morreu no Sena há dois meses é que ela pode estar caçando para se alimentar. "Ela faz movimentos com a cabeça que mostram que ela pode estar caçando. Não temos imagens, porque não vemos o que acontece debaixo d'água, mas há sinais que mostram que esta hipótese não é impossível", relata. 

Lamya Essemlali explica que a decisão sobre abrir as eclusas do Sena para permitir que o cetáceo alcance o mar vai depender do estado geral do animal. "O risco de abrir as eclusas é que a beluga não consiga percorrer esta enorme distância que a separa do mar - são 150 quilômetros até Le Havre - e que vá em direção a Paris, o que seria extremamente comlicado", afirma. 

"Em função da evolução de seu estado, vamos ver se poderemos ajudá-la a chegar ao mar e tentar identificar a enfermidade que ela tem, para saber se é algo que podemos tratá-la, ou se é algo incurável e, neste caso, a natureza seguirá seu curso", explica. 

Essemlali diz que há hipóteses para a "desorientação" da beluga: "Nós privilegiamos a pista de poluição sonora que desorienta os cetáceos, e um fato de que talvez ela já parece ter parado de comer antes de se perder no Sena, por um fator biológico, fisiológico", diz ela, sobre a doença que "emagreceu" o cetáceo. 

O aumento da atividade humana nos 3.000 km de litoral francês - notadamente o tráfico marinho e a construção de canteiros com turbinas eólicas no mar - "são questões que devemos nos colocar, pois estes eventos têm se tornado mais comuns na França", diz a ativista, lembrando que "o barulho perturba enormemente os cetáceos". 

"Isso vai ter um enorme impacto nos cetáceos e nos animais marinhos em geral", enfatiza. 

(Com entrevista de Florent Guignard)