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Uma em cada oito espécies de aves sofre risco de extinção, revela ONG

28/09/2022 16h00

Quase metade das espécies de aves estão em declínio no mundo e uma em cada oito está ameaçada de extinção, sob pressão principalmente da agricultura. É o que revela um relatório histórico publicado nesta quarta-feira (28) pela ONG internacional BirdLife, que mostra um quadro "profundamente preocupante" do estado das populações de aves em todo o planeta.

"Uma em cada oito espécies de aves está sob risco de extinção, e o estado das populações de aves em todo o mundo continua a se deteriorar: as espécies estão se aproximando cada vez mais da extinção", escreve BirdLife.

A maioria das espécies que ainda não estão ameaçadas está em declínio. Assim, as populações de 49% das espécies (ou seja, 5.412) estão em decrescimento, 38% (4.234) estão estáveis ??e apenas 6% (659) estão em ascensão.

Esses números mostram uma aceleração em relação ao último relatório, publicado há quatro anos. Em 2018, cerca de 40% das espécies pareciam estar em declínio. "A tendência é clara, é que continua a se deteriorar apesar de todas as ações dos Estados, dos compromissos, das promessas", sublinha Cédric Marteau, diretor do polo "proteção da natureza" da liga francesa para a proteção das aves (LPO).

A saúde das aves é também um importante indicador do estado da natureza em geral, dizem os especialistas. "Basta olhar para os pássaros e temos uma fotografia bastante precisa da degradação geral dos seres vivos", explica Marteau.

Crise causada por atividade humana

A França também demonstra preocupação, especialmente no exterior, em lugares em que as espécies estão ameaçadas de extinção. É o caso, por exemplo, da Polinésia, onde restam apenas cinco pares da espécie chamada monarca de Fatu Hiva. "Os declínios não se limitam a espécies raras e ameaçadas. Populações de algumas espécies comuns e amplamente distribuídas também estão em rápido declínio", observa BirdLife.

A crise é causada por diversos fatores, quase todos relacionados à atividade humana, como agricultura, extração de madeira, espécies exóticas invasoras, caça e mudanças climáticas. A primeira ameaça é a extensão e intensificação da agricultura: as aves sofrem com a perda de seus habitats, a toxicidade dos pesticidas e a redução dos alimentos disponíveis.

Na França continental, como em nível global, as aves mais ameaçadas são aquelas que habitam as planícies agrícolas. "Vemos claramente que, apesar das promessas, apesar dos compromissos, as concentrações de produtos químicos utilizados em nossas planícies agrícolas ou na viticultura continuam aumentando", observa Cédric Marteau.

Esses produtos matam as aves, mas agem principalmente de forma indireta, matando o que os filhotes comem. "As pressões que os pássaros e a biodiversidade de maneira mais ampla enfrentam hoje são maiores e mais diversificadas do que nunca", declara Patricia Zurita, executiva-chefe da BirdLife International, no prefácio do relatório.

COP15

Mas "existem soluções efetivas para esses problemas", acrescenta ela algumas semanas antes da COP15, uma importante cúpula sobre biodiversidade a ser realizada sob a égide da ONU em dezembro em Montreal. A BirdLife apresenta um certo número de propostas, desde a recuperação de habitats até ao reforço da legislação em matéria de proteção das aves.

Esta COP "será um momento crucial para as aves e toda a natureza, pois os 193 países signatários se reunirão para finalizar e adotar o marco da estratégia global para a biodiversidade", insiste a LPO.

(Com informações da AFP)