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Mascotes das Olimpíadas de Paris 2024 viram piada ao serem comparados a clítoris gigantes

18/11/2022 15h22

O momento da apresentação do mascote dos Jogos Olímpicos é sempre muito aguardado. Muitos deles, como o icônico urso Misha, em Moscou-1980, entram para a história ao representar com maestria a competição. Na França, os mascotes de Paris-2024 fizeram rir muitos internautas nesta semana que os compararam a dois clitóris gigantes.

"Apresentamos a vocês o Phryge Olímpico e o Phryge Paralímpico, os mascotes de Paris 2024. Esportivos, festeiros e franceses!", descreveu o comitê olímpico no Twitter, na segunda-feira (14), ao revelar os personagens que representam o evento. Nos comentários, entre internautas que perguntam o que é mascote e outros que expressam sua decepção com o design, muitos comparam os bonecos a dois clitóris.

Na verdade, os mascotes representam o barrete frígio, ou barrete da liberdade, uma espécie de chapéu, utilizado por militantes na época da Revolução Francesa de 1789. A própria Marianne, principal símbolo nacional da França, é representada com esse acessório histórico.

O presidente do comitê dos Jogos Olímpicos de Paris, Tony Estanguet, explicou que desde que a concepção dos mascotes começou a ser elaborada, descartou-se a possibilidade de um animal, como acontece com a maioria dos personagens nas Olimpíadas. O objetivo, segundo ele, era representar "um ideal". Por isso, foi feita a escolha pelo chapéu frígio, que o presidente do comitê dos Jogos Olímpicos de Paris vê como um "símbolo de liberdade". Para ele, os mascotes também levam a ideia de "fazer revolução através do esporte".

Um clitóris como mascote

Na imprensa francesa, uma das primeiras reações foi a da jornalista Matilde Meslin, da Slate France, que escreveu no Twitter: "estamos todos de acordo que o mascote não é um chapéu frígio, mas um clitóris, certo?". Personalidades políticas também não perderam a oportunidade de brincar. "Lembraremos que a França é o primeiro país no mundo que ousa usar um clitóris como mascote para um evento esportivo", tuitou a porta-voz do Partido Pirata. "Um ideal feminista", publicou a deputada ecologista Sandrine Rousseau.

Das redes sociais, os mascotes chegaram às colunas de opinião de jornais. O diário Libération publicou nesta quinta-feira (17) um editorial sob o título "Viva os Phryges, os mascotes clitóris que valorizam a vulva". Assinado por Quentin Girard, o texto afirma: "sim, a França é uma mulher (ou gosta de se ver como uma)".

Segundo o jornalista, do ponto de vista anatômico, os mascotes são uma boa notícia "porque agora todo o mundo vai saber o que é um clitóris". O editorialista escreve que "depois de séculos de invisibilidade e de ausência de representação", a genitália feminina finalmente veio à tona. Já do ponto de vista político, "não é desagradável que Paris se liberte da representação da fálica torre Eiffel", reitera.

Mesmo tom do lado da revista Le Point, que entrevistou Patrick Clastres, professor de história do esporte da Universidade de Lausanne, na Suíça. "Se o Phryge permitir imprimir no imaginário público o que é um clitóris, então isso será um avanço. Atualmente esse órgão feminino não é suficientemente representado devido à super-representação do falo, símbolo da virilidade masculina", diz.

Criador dos mascotes gosta da comparação

A comparação dos Phryges com clitóris também foi bem recebida pelo diretor de design da Paris-2024, Joachim Roncin, responsável pelo conceito dos dois personagens. Em entrevista à plataforma Brut, ele explicou que a ideia, desde o começo, era evitar que os mascotes em formato de chapéu frígio tivessem gênero: "não queríamos que fosse um menino ou uma menina, isso não teve a menor importância".

Ao ser questionado sobre a aparência dos Phryges e sua associaçao a dois clitóris, Roncin saúda a comparação: "Se as pessoas veem um clitóris e se elas reconhecem um clitóris, melhor para elas. Para mim, é muito legal, fico feliz", diz. Segundo ele, um mascote dos Jogos Olímpicos tem que ser sempre algo novo, instigante, e "cada um é livre para ter sua própria interpretação".