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Segundo dia de greve na TAP gera preocupação com período de festas de fim de ano

09/12/2022 14h08

A greve de dois dias da tripulação de cabine da TAP, iniciada na quinta-feira (8), continua a causar transtornos, principalmente para aqueles passageiros que não estavam informados sobre os cancelamentos e só descobriram a mudança de última hora, no aeroporto. Empresas do setor do turismo estão preocupadas com novas paralisações, especialmente no período das festas de fim de ano.

A companhia portuguesa enviou notificações com antecedência para os passageiros sobre o cancelamento de 360 voos. Este número representa a metade das partidas que estavam previstas nestes dois dias, segundo a a TAP. Mas nem todos receberam as advertências, em especial os que estavam já no exterior e não tinham o telefone habilitado.

Um serviço mínimo está garantido e os passageiros beneficiados estão podendo embarcar. Para aqueles que tiveram o voo cancelado, as opções são receber reembolso da passagem ou remarcar a data sem custos adicionais.

Os grevistas protestam contra cortes salariais, num contexto de inflação alta na Europa, e o aumento dos horários de trabalho. As negociações para um novo acordo entre a TAP e os tripulantes fracassaram até o momento, mas devem prosseguir, conforme anteciparam a direção da companhia e o Sindicato Nacional do Pessoal da Aviação Civil. Outras paralisações podem acontecer em janeiro, caso houver fracasso nas negociações.

O empresário brasileiro Bruno Costa, dono da agência CBR Tours, de Lisboa, disse à reportagem da RFI que tinha passageiros em voos nas datas de 8 e 9 de dezembro. "Mas como a greve foi previamente anunciada e a companhia ofereceu a mudança para outras datas, sem custos adicionais, isso foi feito sem consequências para meus clientes", explicou. No entanto, Costa está preocupado com o período das festas do final do ano.

Segundo o empresário, no passado já ocorreram o que ele chama de "manobras" do pessoal da TAP, sem pré-aviso. Um certo número de tripulantes se declaram em situação de indisponibilidade de última hora, tornando a manutenção dos voos impossível, por número insuficiente de pessoas na equipe para assegurar a rota.

Costa acompanha os movimentos sociais na TAP com atenção, já que 95% dos clientes de sua agência são imigrantes que utilizam os aviões da empresa para retornar aos seus países de origem. O brasileiro tem uma expressiva clientela cabo-verdiana e, no caso do arquipélago africano, a TAP oferece apenas um voo diário para São Vicente. "Os cabo-verdianos são completamente dependentes da TAP. Se acontece um cancelamento de última hora, pode demorar até seis dias para o passageiro encontrar assento em outro voo", sublinha. No período de festas, uma ocorrência desse tipo pode criar situações complicadas.

Privatização em estudo

As dificuldades econômicas da companhia portuguesa cresceram com a pandemia de Covid-19. A TAP foi urgentemente renacionalizada em 2020 e passa por um plano de reestruturação, imposto pela Comissão Europeia, órgão executivo do bloco.

O atual governo socialista do país anunciou a intenção de privatizar de novo a empresa. Os grupos Air France-KLM, Lufthansa e IAG, da British Airways e da Iberia, já demonstraram interesse no negócio.

Na avaliação de Costa, a TAP não irá entrar em processo de falência. Segundo o brasileiro, embora os contribuintes portugueses tenham financiado parte dos custos de nacionalização da empresa, a privatização lhe parece a melhor solução para a companhia, diante das elevadas dívidas que acumula desde a pandemia.