Protestos por novas eleições no Peru terminam com cinco presos e 20 feridos
No mesmo dia em que a nova presidente do Peru, Dina Baluarte, apresentou os membros de seu governo, protestos exigindo novas eleições presidenciais para o país tiveram um desfecho violento. Após um confronto entre manifestantes e policiais no sábado (10), ao menos 20 pessoas ficaram feridas. Cinco manifestantes continuavam presos neste domingo (11). A onda de indignação aumenta no país.
As ruas do Peru vivem dias de descontentamento massivo desde quinta-feira (8), dia seguinte à destituição do presidente Pedro Castillo, que tentou um golpe de estado. Parte da população rejeita o Congresso que empossou Dina Boluarte à frente do poder executivo no país.
No sábado, a nova presidente anunciou seu gabinete, formado por 19 ministros. Os perfis escolhidos apontam para um grupo mais técnico que político, tentando acalmar os ânimos de um país em cólera.
"A consolidação da democracia, do Estado de Direito, o equilíbrio de poderes e a governabilidade no país serão os fundamentos do meu governo", declarou Boluarte em seu primeiro discurso como presidente.
No entanto, ao sul do Peru, os protestos contra o governo e o Congresso tomaram um rumo violento na cidade de Andahuaylas. Os manifestantes usaram pedras para atacar a sede da Promotoria da cidade, e houve confronto com a polícia. Ao menos 16 manifestantes e quatro policiais ficaram feridos e foram levados ao hospital da região.
Dois policiais foram feitos reféns por horas, antes de serem libertados. "Pedimos calma diante dos acontecimentos que vêm ocorrendo em Andahuaylas. Pedimos respeito e tranquilidade à população que faz uso de seu direito de protestar", tuitou a Polícia Nacional.
Em Lima, ao menos cinco pessoas foram presas após confrontos de apoiadores de Castillo com a polícia. De acordo com a Defensoria do Povo, os cinco acusados de distúrbios continuavam detidos neste domingo (11) à espera de uma decisão judicial.
Uma vigília diante da base policial em Lima onde está detido o ex-presidente Castillo exige sua libertação.
Rolando Luque, membro da Prevenção de Conflitos Sociais da Defensoria, afirmou que cresce a tendência de protestos no país. Até o momento, foram realizadas marchas, bloqueios de estradas e confrontos em ao menos nove das 24 regiões peruanas. "Estamos acompanhando de perto os protestos, as ações, e pedindo calma", disse Luque nas redes sociais.
A região de Apurímac, onde fica Andaluaylas e é também região de origem de Boluarte, decretou insurgência popular. Movimentos sociais da região declararam greve geral a partir de segunda-feira contra o governo de Boluarte, segundo a imprensa local.
Grupos de garimpeiros da região de Arequipa, a mil quilômetros de Lima, estão em marcha em direção à capital peruana.
Novo governo
Empossada como a primeira mulher presidente do Peru poucas horas depois da destituição de Castillo, Boluarte apresentou no sábado (10) seu governo. Seu gabinete será composto por 19 ministros, entre eles oito mulheres.
Dina Boluarte, que era vice-presidente até a destituição de Castillo, designou o advogado e ex-procurador especialista em combate à corrupção Pedro Angulo como chefe de seu gabinete.
A embaixadora Ana Cecilia Gervasi será a nova ministra das Relações Exteriores. Já para a pasta de Economia e Finanças, Dina nomeou Alex Contreras. Na Defesa, foi nomeado Luis Otárola, que ocupou a pasta no mandato do presidente Ollanta Humala (2011-2016).
Faltam ainda ser nomeados os responsáveis pelas pastas de Trabalho e Transportes e Comunicações.
Dina Boluarte teve três dias de negociações com líderes das bancadas de partidos de direita no Congresso. Sua decisão de governar até o fim do mandato de Castillo, em 28 de julho de 2026, está na origem dos protestos.
De acordo com pesquisas realizadas em novembro, 86% dos peruanos desaprovam o Parlamento. Boluarte não descartou convocar eleições antecipadas em busca de uma solução pacífica para a crise política, e pediu calma à população.
México oferece apoio a Castillo
Pressionado por uma terceira votação de processo de impeachment, Castillo anunciou a dissolução do Parlamento na quarta-feira (7). Mas suas ordens foram ignoradas pelo Congresso e pelas Forças Armadas.
O ex-presidente foi destituído pelo Parlamento e detido por sua própria escolta enquanto se dirigia à embaixada mexicana para solicitar asilo político. Castillo está preso preventivamente, e é acusado de tentar um golpe de estado, crime que pode lhe custar uma pena de 10 a 20 anos de prisão.
Para irritação do novo governo peruano e do Parlamento, o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, expressou apoio a Castillo, dizendo que foi vítima de um golpe branco e oferecendo-lhe asilo.
(Com informações da France24 e da AFP)
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