Na reta final, partido de Moro embaralha indicações de ministério de Lula
O União Brasil tem embaralhado o fechamento da escolha final de ministérios do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A situação tem causado apreensão dentro do próprio PT às vésperas dos próximos anúncios de pastas.
Cortejado para compor o governo em busca de apoio no Congresso, o partido —em que está o senador eleito Sergio Moro (União-PR), desafeto de Lula— barganha ficar com pelo menos duas pastas no novo governo. Na sexta (9), Lula anunciou os primeiros cinco nomes.
As negociações seguiram neste final de semana, que Lula passou em Brasília pela primeira vez desde que ganhou a eleição, em outubro. O martelo deverá ser batido em reunião da cúpula do futuro governo no final da tarde de hoje.
Minha parte. As conversas têm sido tratadas desde o final do segundo turno, quando o deputado Luciano Bivar (União-PE), presidente da sigla, passou a acenar que o partido poderia "colaborar" com o então possível governo.
De acordo com parlamentares petistas, o partido tem pedido de dois a três ministérios, sendo um deles mais "robusto". As indicações ficariam a cargo dos líderes da sigla no Congresso, o deputado Elmar Nascimento (BA) e o senador Davi Alcolumbre (AP), e de Bivar.
As conversas estão sendo conduzidas em especial pela presidente petista, Gleisi Hoffmann, e pelo deputado federal José Guimarães (PT-CE). Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente eleito, também tem participado e recebeu ex-bolsonaristas do União na sede da transição em Brasília nesta semana.
Cartas na mesa. A distribuição de ministérios tem incomodado alguns petistas, que dizem apoiar a lógica de "governo de coalizão" adotada durante a campanha, mas esperam que siga um protagonismo petista, com estimativa de 10 a 12 ministérios (cerca de um terço das pastas).
Internamente, interlocutores de partidos aliados dizem que um dos principais desafios da transição está sendo exatamente realocar todos estes apoios e barganhas -algo que, embora muitos opinem, já está dado que cabe apenas a Lula.
Tem áreas que nós achamos que são estratégicas e importantes para o partido estar presente. Claro, o núcleo de governo, como Fazenda, Casa Civil, como é o partido do presidente da República acho que isso é até natural. Além de ser do partido tem que ser de muita confiança do presidente, de muita relação com o presidente
Gleisi Hoffmann, em entrevista na quinta (8)
Uma troca. O União Brasil tem hoje 59 deputados e 10 senadores (terceira maior bancada nas duas Casas) e se torna um aliado valioso para o governo.
Caso o acordo seja selado hoje, como tem sido costurado, é esperado que o partido já ajude na aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Transição, que irá a plenário nesta semana.
Dissidência. Em caso de integrar o governo, é esperado que um grupo do partido siga na oposição do governo, assim como o MDB e o PSD, outros dois partidos de centro e centro-direita que também irão ganhar pastas.
Resultado da fusão do PSL, sigla do presidente Jair Bolsonaro (PL) quando foi eleito, e do DEM, dois partidos historicamente rivais do PT, é esperado que nomes como Moro e a senadora Soraya Thronicke (MS), entre outros parlamentares conservadores, sigam na oposição.
Cotados. Lula já anunciou cinco futuros ministros na última sexta (9) e deverá anunciar entre 10 e 20 nesta semana —alguns nomes já estão certos, outros decididos nesta reunião e outros a cargo dos partidos.
- Cantora e compositora Margareth Menezes no retorno do Ministério da Cultura
- Senadora Simone Tebet (MDB-MS) no novo Ministério de Desenvolvimento Social
- Deputada eleita Marina Silva (Rede-SP) de volta ao Ministério do Meio Ambiente
- Deputado Alexandre Padilha (PT-SP) de retorno a Secretaria de Relações Institucionais
- Senador Carlos Fávaro (PSD-MT) no Ministério da Agricultura
- Senador eleito Renan Filho (MDB-AL) no Ministério de Minas e Energia
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