França e União Europeia estudam contribuir para o Fundo Amazônia
A ministra francesa das Relações Exteriores, Catherine Colonna, está em Brasília nesta quarta-feira (8), em uma viagem que marca a retomada das relações entre França e Brasil, após um período de afastamento durante o governo de Jair Bolsonaro. Durante sua passagem pela capital, a chefe da diplomacia francesa disse que tanto Paris como a União Europeia estudam contribuir para o Fundo Amazônia.
Raquel Miura, correspondente da RFI em Brasília
O governo francês poderá engrossar os recursos do Fundo Amazônia por meio de uma contribuição bilateral. A chanceler francesa Catherine Colonna disse que a França reconhece a importância global da Amazônia e estuda, assim como a União Europeia, formas de ajudar financeiramente o país por meio do Fundo.
"Gostaria de enfatizar a importância que damos ao Fundo Amazônia. A França estuda a possibilidade de uma contribuição bilateral, bem como a União Europeia estuda a possibilidade de uma contribuição", afirmou Colonna à imprensa.
O Fundo Amazônia é bancado hoje pela Noruega (R$ 3,1 bilhões) e pela Alemanha (R$ 192 milhões) e financia projetos que visam a preservação da floresta e o desenvolvimento sustentável da região. Ele foi congelado durante o governo de Jair Bolsonaro, que desestruturou órgãos de controle e fiscalização na área ambiental. Assim que assumiu o governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que retormaria o uso do Fundo e pediu mais parcerias com a comunidade internacional. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, anunciou que os recursos ajudariam a minimizar a tragédia vivida pelo povo Yanomami.
Ao lado da ministra francesa, o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, disse que a colaboração da França no Fundo Amazônia será bem-vinda: "Houve reações muito positivas de alguns países quanto ao Fundo Amazônia, e que esperamos que seja reativado plenamente, que possa ser utilizado para o financiamento de projetos importantes para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. E, evidentemente, a França é muito bem-vinda em todo tipo de colaboração, de cooperação e também com participação no Fundo Amazônia."
Vieira também disse que o presidente Lula faria novamente um convite para que o presidente francês Emmanuel Macron participe da cúpula dos países amazônicos, e lembrou que a maior fronteira da França é com o Brasil, por meio da Guiana Francesa.
"Nossos países são parceiros tradicionais e devem trabalhar de forma coordenada na agenda do meio ambiente, mudança de clima e transição energética. Ressaltei a intenção do Brasil de retomar seu tradicional protagonismo nas discussões internacionais sobre meio ambiente. Tratamos questões relativas ao regime de mudança de clima, que tem o acordo de Paris como um de seus principais instrumentos. Destaquei também em particular a necessidade de financiamento climático adequado aos países em desenvolvimento. A respeito do combate ao desmatamento da Amazônia, reforcei o compromisso do Brasil em zerar o desmatamento ilegal até 2030", disse Vieira.
Visita de Macron ao Brasil
A visita da chanceler francesa é considerado um preparativo para a vinda de Emmanuel Macron ao Brasil, o que pode ocorrer ainda no primeiro semestre. Outro assunto na pauta foi o acordo entre o Mercosul e União Europeia. "Tivemos uma excelente troca de opiniões sobre como podemos reforçar ainda mais nossa corrente de comércio e investimentos. A França é um dos principais investidores diretos no Brasil, e observamos amplo espaço para aprofundarmos investimentos e parcerias industriais, inclusive em setores sustentáveis", disse Vieira.
O Itamaraty divulgou uma nota oficial sobre o encontro de Colonna e Vieira, afirmando que os ministros discutiram a retomada da parceria estratégica bilateral, com foco em meio ambiente, temas transfronteiriços, defesa, ciência e tecnologia e coordenação nos foros multilaterais.
De acordo com o governo brasileiro, em 2022, o comércio bilateral atingiu US$ 8,4 bilhões, com aumento de 16% em relação a 2021. O Brasil, diz a nota, é hoje o segundo principal destino dos investimentos franceses entre os chamados países emergentes. A França coloca-se como o terceiro maior investidor no Brasil pelo critério de controlador final, com cerca de US$ 38 bilhões.
Depois de Brasília a ministra francesa segue para São Paulo.
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