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'Toques na bunda': sindicalista é pivô de escândalo de assédio contra homens mais jovens

Lizette Risgaard chegou a ser considerada uma das mulheres mais poderosas da Dinamarca - Ritzau Scanpix/Reuters
Lizette Risgaard chegou a ser considerada uma das mulheres mais poderosas da Dinamarca Imagem: Ritzau Scanpix/Reuters

Fernanda Melo Larsen

De Copenhague, na Dinamarca

02/05/2023 11h33

Lizette Risgaard, líder da Confederação dos Sindicatos da Dinamarca, pediu demissão no último domingo (30) em meio a denúncias de assédio. Segundo informações divulgadas pela imprensa dinamarquesa, Risgaard, de 62 anos, teria se comportado de maneira inadequada com homens mais jovens durante vários anos.

Relatos anônimos publicados pelos veículos de imprensa Berlingske e Ekstra Bladet durante o fim de semana indicam pelo menos 10 episódios de assédio, ocorridos entre os anos de 2016 e 2021. As denúncias fizeram o comitê executivo da Confederação abrir uma investigação legal externa sobre o caso.

Em uma declaração nas redes sociais antes da renúncia, Risgaard admitiu que "as pessoas experimentaram toques físicos indesejados feitos por ela", incluindo "toques na bunda" e "danças muito próximas". Ela pediu desculpas pelo comportamento. "Estou muito triste porque obviamente nunca foi a minha intenção", afirmou.

No domingo, ao comunicar sua demissão, Risgaard afirmou que "fez um pedido de desculpas sinceras a quem sentiu que seus limites pessoais foram ultrapassados". Ela também pediu que as pessoas "não julguem a situação rapidamente com base em artigos de jornais, rumores ou posts de redes sociais".

Auditoria externa

Com mais de 1,3 milhão de membros em 65 organizações públicas e privadas, a Confederação dos Sindicatos da Dinamarca é a entidade que rege os acordos trabalhistas no país escandinavo.

Risgaard chegou a ser considerada uma das mulheres mais poderosas da Dinamarca. Ela liderava a entidade dinamarquesa desde 2015. Antes disso, ocupou o cargo de vice-presidente da Confederação dos Sindicatos entre os anos de 2007 até 2015.

De acordo com o agora presidente interino Morten Skov, o comitê executivo da entidade se reunirá nesta terça-feira (2), para discutir o andamento da investigação legal externa e possivelmente receber outras denúncias sobre a má conduta de Risgaard.

"Se você foi alvo algum tipo de comportamento abusivo, deve denunciá-lo ao departamento de conduta da entidade, que é administrado por um escritório de advocacia externo", reiterou Morten Skov.

O presidente interino também foi questionado durante o tradicional discurso de 1° de Maio, pela imprensa dinamarquesa, se ele tinha conhecimento sobre os rumores de assédio dentro da Confederação dos Sindicatos. "É lamentável que tenhamos de mudar de presidente em um dia importante como esse", se limitou a responder Morten Skov.

Credibilidade no 1º de Maio

A celebração do 1º de Maio é um dos eventos mais importantes do país, e o discurso de Risgaard, considerado um dos mais aguardados, seria realizado em um dos maiores parques públicos de Copenhague.

O escândalo envolvendo a ex-presidente da Confederação dos Sindicatos na Dinamarca foi citado durante o discurso que a primeira-ministra Mette Frederiksen, do partido Social-Democrata, fez em frente ao Museu do Trabalho na capital dinamarquesa.

"Em princípio, não comento assuntos pessoais em outras organizações ou empresas. Mas é claro que nós, como sociedade, ainda temos muito trabalho a realizar" disse a primeira-ministra.