Na Alemanha, clubes de maconha se preparam para legalização do consumo recreativo em 2024
Clubes de maconha se organizam na Alemanha, na expectativa da legalização do consumo, no ano que vem. Quando foi fundado em 2016, o Cannabis Social Club de Hanôver sonhava em ver os baseados autorizados na Alemanha. Os seus nove integrantes fizeram manifestações e campanhas em mercados e festivais de Natal. Enquanto isso, fumavam em segredo.
A legalização da cannabis prevista para o próximo ano, após a aprovação de um projeto de lei pelo governo, deverá agitar a vida da pequena associação: os seus membros, cujo número já aumentou, poderão cultivar juntos a erva e consumi-la, sob certas condições e em pequenas quantidades.
A regulamentação desses "clubes" está no centro das discussões do projeto de lei.
Os integrantes (máximo de 500) de associações sem fins lucrativos poderão cultivar cannabis, exclusivamente para consumo próprio. Cada pessoa poderá ter três plantas, sob a supervisão das autoridades públicas.
No entanto, não será permitido fumar dentro do clube e a menos de 200 metros dele.
25 gramas por dia
Cada membro poderá obter suprimentos da associação na proporção de 25 gramas por dia e no máximo 50 gramas por mês. Para os jovens de 18 a 21 anos, será um pouco menos: 30 gramas por mês.
Essa perspectiva fez disparar o número de Clubes Sociais de Cannabis, que agora são cerca de uma centena na Alemanha, e os pedidos de adesão do clube de Hanôver, um dos mais antigos do país, explodiram.
"Nos últimos meses, quase 800 pessoas nos contataram", diz seu fundador, Heinrich Wieker, um ex-engenheiro elétrico de 58 anos. Até agora, ele aceitou apenas 57.
"Quero conhecê-los. Tenho que integrá-los na equipe e atribuir-lhes uma tarefa", explica à AFP, antes de começar uma das duas reuniões semanais ao final da tarde.
Sete pessoas participaram naquele dia. Nenhum cheiro de erva emana da sala que mais parece um local de trabalho comum, com mesas, computadores e quadro branco. O único item que dá ideia de relaxamento é um sofá no mesmo espaço.
Lugar para cultivar
Nesse dia, falou-se particularmente da forma de cultivo e da prevenção de casos de dependência. "No domingo fomos a Hanôver para ver onde poderíamos cultivar", diz Oliver W., um eletricista aposentado de 48 anos.
"Ou cultivamos plantas sob luz artificial em pequenas cabanas", muitas vezes já utilizadas em segredo, explica Heinrich Wieker.
Outra opção: "ter uma grande plantação lá fora, o que pessoalmente prefiro, porque é o método mais sustentável", acrescenta.
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Quero receberEstilo hippie, camisa batik e sandálias laranja combinando, Heinrich Wieker, que já trabalhou nas indústrias farmacêutica, química e automobilística, fundou sua própria empresa fabricando máquinas para colheita de flores de cannabis na mesma época da fundação do clube.
Prevenção
No momento, a adesão ao clube custa a cada novo sócio € 20, mais uma mensalidade de € 5. O preço, que cobre essencialmente o aluguel das instalações, deverá necessariamente aumentar se incluir o fornecimento da maconha.
Segundo Wieker, a solução mais simples seria vender cannabis por grama aos associados: "Aqueles que usam muito, deveriam pagar mais do que aqueles que raramente o usam", resume.
Segundo ele, o preço deverá variar entre € 5 e € 15 euros por grama, para cobrir os custos de produção, que é aproximadamente o que um consumidor paga numa farmácia ou na rua.
O projeto também prevê que cada clube tenha um membro responsável pela prevenção de comportamentos viciantes.
Na casa de Wieker, já se formou um grupo de autoajuda entre membros anteriormente viciados em diversas substâncias, incluindo álcool ou heroína.
"Estamos atentos a qualquer consumo problemático", afirma, especificando que o clube está em contato com uma associação de ajuda a toxicodependentes.
Embora a cannabis continue proibida para menores de 18 anos, Wieker também diz que deseja aconselhar os pais que enfrentam o vício de seus filhos.
(com AFP)
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