Ministros da Alemanha e da França se unem contra a 'burocracia' na União Europeia
Os ministros alemães da Economia, Robert Habeck, e das Finanças, Christian Lindner, receberam o francês Bruno Le Maire, à frente das duas pastas em Paris, para uma reunião nesta quarta-feira (13), em Berlim. Na ocasião, aproveitaram para criticar diretamente o "excesso de burocracia" em vigor na União Europeia (UE), que segundo eles, ameaça o futuro do empreendedorismo no bloco.
Há sete anos, essa foi uma das principais razões que impulsionaram o voto a favor do Brexit, a saída do Reino Unido da UE.
"Precisamos colocar um fim à burocracia excessiva da Comissão Europeia e da Europa. (...) As empresas estão asfixiadas pelas normas e se elas chegam a matar as pequenas e médias empresas, em breve não teremos mais nem normas, nem empresas", disparou Le Maire.
Instantes depois, Lindner acrescentou que "é preciso nos questionarmos quais são os padrões [europeus] realmente necessários que nós podemos nos permitir adotar neste momento de transição" ecológica. O jornal Le Figaro informa que os dois planejam entregar à Comissão Europeia uma lista de normas consideradas aceitáveis, e outra de regulamentações julgadas "inadmissíveis" por Paris e Berlim.
O diário lembra que as palavras dos ministros fazem eco a reivindicações feitas pelos líderes das duas maiores economias da Europa. Em maio, o francês Emmanuel Macron havia pedido "uma pausa" nas regulamentações ambientais europeias, enquanto o alemão Olaf Scholz desejava aliviar o "fardo" administrativo europeu que pesa sobre as empresas alemães.
Competição entre França e Alemanha
Já o jornal Les Echos dá mais destaque à competição ainda mais acirrada entre os dois motores da economia do bloco, no contexto da crise energética. A França, cuja matriz repousa sobretudo na energia nuclear, tem tido vantagens competitivas em relação a Berlim, onde a energia chega a custar quatro vezes mais, com impacto direto sobre toda a cadeia de produção.
O governo alemão denuncia as subvenções aplicadas pelo Estado francês no auge da crise, que geraram uma pressão para que a mesma política fosse adotada na Alemanha - medida que Berlim recusa categoricamente.
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