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Sem brasileiros, papa Francisco nomeia 21 novos cardeais

O Papa Francisco abençoa o novo cardeal Angel Fernandez Artime durante uma cerimônia de consistório na praça de São Pedro, no Vaticano, em 30 de setembro de 2023 Imagem: REMO CASILLI/REUTERS

30/09/2023 09h41Atualizada em 01/10/2023 09h05

O Papa Francisco nomeou 21 novos cardeais neste sábado (30), em uma seleção que pode influenciar uma eventual escolha do próximo líder da Igreja Católica. Do total de 137 cardeais atualmente, três quartos foram designados pelo atual sumo pontífice, o que aumenta as chances de que o próximo papa compartilhe a visão de Francisco de uma Igreja mais progressista e inclusiva. Entre os nomeados há cinco sul-americanos.

Este foi o nono consistório desde a eleição do jesuíta argentino, em 2013. A cerimônia de posse dos novos cardeais foi realizada pela manhã na Praça de São Pedro, no Vaticano. Vestidos de vermelho, os religiosos se ajoelharam diante do papa para receber os tradicionais barretes e anéis. "Coragem!", "adiante!", declarou Francisco aos aliados, diante de milhares de fiéis que acompanharam o evento.

Entre os 21 novos cardeais, 18 têm menos de 80 anos, o que lhes permite participar de um eventual próximo conclave para a eleição do futuro sumo pontífice. Diante dos religiosos "originários de todas as partes do mundo", o santo padre comparou seu Sagrado Colégio a uma "orquestra sinfônica", onde, segundo ele, a "diversidade é indispensável", mas "cada músico deve escutar os outros".

15 diferentes nacionalidades

Cerimônia de consistório, liderada pelo Papa Francisco, na Praça de São Pedro, no Vaticano, em 30 de setembro de 2023 Imagem: VATICAN MEDIA/via REUTERS

Na lista dos novos cardeais há 15 diferentes nacionalidades, vários deles de regiões onde a Igreja Católica está em plena expansão, como a África e a Ásia. A América Latina conta com cinco representantes, mas só três poderão participar de um eventual conclave: dois argentinos - o monsenhor Víctor Manuel Fernández e o arcebispo de Córdoba, Ángel Sixto Rossi - e um colombiano, o arcebispo de Bogotá, Luis José Rueda Aparicio. Não há brasileiros entre os novos cardeais.

Entre os escolhidos também há clérigos de duas áreas geopoliticamente delicadas: o patriarca latino de Jerusalém, a principal autoridade católica na Terra Santa, e o bispo de Hong Kong, crucial para tentar melhorar as relações do Vaticano com a China comunista. A nova lista de cardeais também inclui os arcebispos de Juba, no Sudão do Sul, da Cidade do Cabo, na África do Sul, e de Tabora, na Tanzânia.

A Europa, cuja representação no Vaticano baixou nos últimos dez anos, teve oito cardeais nomeados, entre eles o português Américo Aguiar, de 49 anos, o mais jovem da lista. Dois franceses também foram convocados por Francisco: François Bustillo, bispo de Ajaccio, na Córsega, e Christophe Pierre, ex-embaixador do Vaticano nos Estados Unidos.

Evolução da Igreja Católica

Com as escolhas, o papa deixa claro sua intenção que as mudanças que vêm realizando na Igreja Católica sejam perpetuadas. Sensível às causas dos desfavorecidos e às comunidades minoritárias, Francisco busca promover o clero dos países em desenvolvimento aos principais escalões da Igreja, rompendo com a prática de destacar sistematicamente os arcebispos titulares de grandes dioceses.

Vários especialistas em Vaticano acreditam que os designados tenham uma influência sobre a linha do futuro chefe da instituição e seus cerca de 1,3 bilhão de fiéis. "O papa busca os cardeais que correspondam à época. São pessoas que se distanciaram da Igreja antiga, que estão fazendo uma ruptura positiva", explicou à AFP um observador da Santa Sé.

Aos 86 anos, Jorge Bergoglio, que se locomove em cadeira de rodas, vem abordando a questão do futuro da liderança do Vaticano. Recentemente o papa não excluiu uma renúncia ao cargo caso sua saúde exija, a exemplo de seu antecedente, Bento XVI. Em uma Igreja Católica em plena reflexão sobre sua evolução, os perfis promovidos neste sábado refletem claramente as prioridades de Francisco.

(Com informações da AFP)

Errata: este conteúdo foi atualizado
São 1,3 bilhão de católicos, e não 1,3 milhão como constava no texto. A informação foi corrigida

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