Israel declara Lula 'persona non grata' por comparar ofensiva em Gaza a Holocausto

O ministro israelense de Relações Exteriores, Israel Katz, declarou nesta segunda-feira (19) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "persona non grata" por comparar a atual guerra contra o Hamas, em Gaza, ao Holocausto.

"É persona non grata no Estado de Israel enquanto não se retrate de suas declarações e não se desculpe", afirmou Katz, se referindo ao presidente brasileiro.

Lula declarou na véspera que o conflito entre Israel e o movimento islâmico Hamas, na Faixa de Gaza não era "uma guerra, mas um genocídio", em discurso, em Adís Abeba, onde participava como convidado da cúpula anual da União Africana.

"O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não aconteceu em nenhum outro momento da história. Na verdade, ocorreu quando Hitler decidiu matar os judeus", disse Lula.

Em resposta, o governo israelense convocou o embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer,  e o convidou a se reunir com o chefe da diplomacia no centro memorial do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém.

Katz declarou que as declarações de Lula "são uma vergonha e um grave ataque antissemita contra o povo judeu e o Estado de Israel".

Lula qualificou em novembro de "ato de terrorismo" o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro que deixou 1.160 mortos e 250 reféns. Mas também afirmou que a resposta israelense era "desproporcional". A ofensiva de Israel contra o Hamas deixou ao menos 29.000 mortos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, governado pelo Hamas desde 2007.

"Não é uma guerra de soldados contra soldados", declarou no domingo o presidente. "É uma guerra entre um Exército muito preparado e mulheres e crianças", afirmou.

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Hamas celebra declarações

As declarações de Lula, que ocupa atualmente a presidência do G20, são as mais contundentes emitidas até agora sobre o conflito.

O Hamas celebrou os comentários do brasileiro em um comunicado e disse que eram "uma descrição exata do que sofre seu povo" em Gaza. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que Lula tinha atravessado uma "linha vermelha".

"Ao compara ao Holocausto a guerra de Israel em Gaza contra o Hamas, uma organização terrorista genocida, o presidente da Silva desonra a memória de seis milhões de judeus assassinados pelos nazistas e demoniza o Estado israelense como o mais violento dos antissemitas. Deveria ter vergonha", disse.

A Alemanha nazista exterminou sistematicamente seis milhões de judeus durante o Holocausto, aproximadamente um terço da população judaica mundial.

Após a Segunda Guerra Mundial, o recém-fundado Estado de Israel, em 1949, acolheu centenas de milhares de sobreviventes.

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O presidente do comitê diretor do Yad Vashem, Dani Dayan, também destacou que as declarações do presidente demonstram "um claro antissemitismo" e descreveu a sua comparação com o Holocausto como "inaceitável".

(Com informações da AFP)

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