Imprensa francesa repercute prisões de mandantes do assassinato de Marielle Franco

A prisão dos supostos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes tem repercussão na imprensa francesa. O jornal Le Monde destaca declarações de Marinete da Silva, mãe de Marielle, sobre o envolvimento do delegado Rivaldo Barbosa, ex-titular da Polícia Civil do Rio, um dos presos, cujo papel de obstruir as investigações surpreendeu a família Franco. 

As palavras do ex-deputado federal Marcelo Freixo, atual presidente da Embratur, também chamaram a atenção do jornal. "Os currículos dos três acusados ??dizem muito sobre o colapso de uma cidade supostamente 'maravilhosa', onde reinam milícias armadas formadas por ex-policiais, onde a máfia e o poder público se fundem", declarou Freixo, que era próximo de Marielle. "Essa investigação é fundamental para entendermos a extensão do abismo em que o Rio caiu", comentou o atual presidente da Embratur.

Le Monde explica que as investigações avançaram após a eleição do presidente Lula, mas que o deputado Chiquinho Brazão, do partido União Brasil, manteve seu passaporte diplomático durante as investigações em que a Polícia Federal já dispunha de indícios de que ele e o irmão eram os mandantes do crime. "Estamos mais perto da justiça" mas "ainda há um longo caminho a percorrer", sublinhou a ministra Anielle Franco, completa o Le Monde.

O diário Le Figaro destaca declaração do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. Em entrevista coletiva, ele disse que a investigação "está concluída", embora novos elementos possam surgir. Lewandowski insistiu que o assassinato de Marielle e de seu motorista foi "um crime hediondo, claramente de natureza política".

A ex-vereadora do PSOL fazia oposição ao grupo miliciano dos irmãos Brazão, que pretendiam regularizar terrenos para fins comerciais na zona oeste do Rio, enquanto ela incentivava o uso social dessas áreas, explica o jornal francês com base em declarações do ministro da Justiça brasileiro.

Le Figaro acrescenta que "milícias formadas por ex-policiais, militares aposentados, bombeiros e outros surgiram há cerca de 40 anos para se defenderem contra quadrilhas de traficantes".

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