Em encontro com empresários em SP, Macron diz que não pode defender atual acordo Mercosul - UE

Depois de visitar um estaleiro em Itaguaí, no Rio de Janeiro, o presidente francês se reuniu com empresários na tarde de quarta-feira (27), em São Paulo, onde participou do 8 º Fórum Econômico Brasil-França. Estiveram presentes também o vice-presidente, Geraldo Alckmin, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e representantes de empresas francesas com investimentos no Brasil. O encontro fez parte de uma série de agendas de Macron no Brasil.

Em uma fala de cerca de 20 minutos, Emmanuel Macron elogiou o potencial brasileiro no tema da transição energética, especialmente para a produção de energia limpa e justificou que, exatamente por esta razão, o atual acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia não é favorável para nenhum dos lados. Para ele, o acordo está ultrapassado e não considera a realidade atual do mundo.

"O (acordo) Mercosul da forma como está sendo negociado hoje é muito ruim. Para vocês e para nós. Porque é um acordo que foi negociado há 20 anos. (...) Não há nada que considere o tema da biodiversidade e do clima. É um acordo que eu não posso defender", disse ele explicando que quando o governo demanda às empresas de investirem na descarbonização e aos agricultores de deixarem os pesticidas de lado, não é possível abrir o mercado para regras tão heterogêneas e permitir empresas que não seguem as mesma regras de importar de forma massiva sem tarifas.

"Vamos acabar com esse Mercosul de 20 anos atrás, vamos construir um novo acordo que esteja de acordo com os nossos objetivos e nossa realidade. Ou seja: um acordo comercial que seja responsável do ponto de vista do desenvolvimento, do clima e da biodiversidade", sugeriu.

Insistência

No entanto, antes da fala final, proferida pelo presidente Macron, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou um painel em que detalhou aos investidores um panorama do cenário econômico nacional e reforçou o pleito do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que é preciso insistir em um acordo entre os dois blocos. Segundo ele, este acordo de livre comércio entre Mercosul e UE será muito positivo para as duas partes.

Foco na descarbonização

Seguindo o tom estabelecido desde o principio desta visita de Estado, o presidente Macron reforçou, em sua fala, a agenda com foco na descarbonização. Ele destacou os investimentos franceses no Brasil, que aumentaram 25% nos últimos anos, e exaltou o modelo brasileiro baseado nas energias renováveis, grande atrativo para as grandes empresas francesas.

"Juntos podemos sonhar (em superar) o desafio da descarbonização. Acredito que se tivermos uma estratégia coerente entre os nossos governos, e passando pelas nossas empresas, podemos superar essa batalha", afirmou.

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O vice-presidente Geraldo Alckmin também destacou a preocupação do governo brasileiro com as questões ambientais e afirmou que o compromisso é de zerar o desmatamento da Amazônia.

Acordos bilaterais

O Fórum Econômico contou ainda com diálogos setoriais e painéis empresariais com representantes de empresas francesas no Brasil. O objetivo do encontro foi incentivar a geração de negócios e promover novos acordos bilaterais entre Brasil e França.

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