Em meio a protestos, universidades dos EUA têm que justificar postura diante do conflito em Gaza

A presidente da Universidade de Columbia, Nemat Shafik, foi ouvida nesta quarta-feira (17) pelo Comitê de Educação formado por membros do partido Republicano norte-americano. Como representantes de outros estabelecimentos de ensino, ela foi convocada para responder questões sobre discurso de ódio e liberdade de expressão na instituição desde o início do conflito em Gaza. Protestos em apoio aos palestinos foram organizados em frente à universidade. 

Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova York, com agências

Nemat Shafik e os membros do conselho de administração da universidade foram ouvidos por integrantes do Comitê de Educação e Força de Trabalho da Câmara sobre a resposta da instituição diante de episódios de antissemitismo no campus. De acordo com o comitê, a Universidade de Columbia vem apresentando uma resposta branda a um "padrão generalizado de ataques antissemitas, assédio e vandalismo desde o início da guerra Israel-Hamas". A legisladora republicana Virginia Foxx, presidente do comitê, acusou Columbia de ser um "foco de antissemitismo e ódio".

"O antissemitismo não tem lugar no nosso campus e estou pessoalmente empenhada em fazer tudo o que puder para enfrentá-lo diretamente", respondeu Shafik. "Columbia se esforça para ser uma comunidade livre de discriminação e ódio em todas as suas formas, e condenamos o antissemitismo que é tão difundido hoje", acrescentou, lembrando que a instituição suspendeu 15 alunos e tomou medidas disciplinares contra vários membros do corpo docente.

Em 5 de dezembro, as presidentes da Harvard e da Universidade de Pensilvânia também foram chamadas a explicar o que pretendiam fazer para punir os estudantes que, desde o começo do conflito em Gaza, em outubro de 2023, vinham apresentando, segundo o comitê, uma postura antissemita. O fracasso em dar uma resposta efetiva sobre o tema acabou levando ambas presidentes a renunciarem.

Protestos no campus

Na madrugada anterior ao interrogatório de Nemat Shafik, mais de 60 barracas foram instaladas em meio ao campus da Universidade de Columbia em uma manifestação chamada de 'Acampamento em Apoio a Gaza'. O protesto, que começou por volta das 4h da manhã, tem como objetivo pedir a suspensão do financiamento da instituição de doadores de fundos que estejam ligados a Israel.

As manifestações nos campi universitários americanos têm sido frequentes desde o início do conflito no Oriente Médio. Os protestos geralmente são pacíficos, mas por vezes levam à violência física.

De acordo com os organizadores do protesto, ao convocar Shafik a depor, o Congresso pretende fazer uso da vigilância estatal para reprimir o ativismo pró-Palestina e a liberdade de expressão no campus.

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Em postagens convocando os alunos para a manifestação, os organizadores compararam o ato com a ocupação de abril de 1968, quando estudantes permaneceram por uma quase semana pedindo que Columbia cortasse seus laços com pesquisas ligadas à guerra do Vietnã.

Além de Columbia, estudantes da Universidade Estadual de Nova Jersey realizaram um protesto similar pedindo que a instituição deixe de receber ajuda financeira de empresas cujos lucros estejam relacionados ao conflito em Gaza. Um referendo perguntando se os estudantes estavam de acordo com a suspensão do financiamento resultou em mais de 80,42% de votos favoráveis.

Em uma jornada que prometia ser agitada, o grupo Stop Jew Hatred (Basta de ódio aos judeus) também pretendia se manifestar no campus de Columbia, em um ato previsto para o final do dia. A polícia de Nova York foi acionada para evitar confrontos entre os dois grupos de manifestantes.

Congresso condena slogan Pró-Palestina

A Câmara dos Representantes aprovou por esmagadora maioria uma resolução bipartidária na terça-feira (16) condenando o uso da frase "Do rio ao mar, a Palestina será livre", repetida durante os protestos em defesa de Gaza.

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De acordo com um comunicado do deputado Josh Gotteimer (R-NJ) um dos três principais representantes por trás da resolução, a frase é "um apelo antissemita às armas com o objetivo de erradicar o Estado de Israel, que está localizado entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo".

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