Em prévia das eleições no Reino Unido, primeiro-ministro é alvo de insulto racista

Nesta sexta-feira (28), o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, disse ter ficado profundamente "magoado", após ser alvo de um insulto racista por parte de um membro do Reform UK, o partido anti-imigração de Nigel Farage.

A uma semana das eleições de 4 de julho, o Canal 4 transmitiu, na noite de quinta-feira, uma reportagem produzida graças a uma operação secreta. Ela mostra um ativista do partido fundado por Nigel Farage, um dos grandes defensores do Brexit, fazendo comentários racistas contra o líder do governo conservador, de origem indiana.

"Minhas duas filhas veem e ouvem pessoas da Reform UK, que estão fazendo campanha por Nigel Farage, me chamando de 'maldito paqui' (abreviatura de 'paquistanês', uma referência ao país que faz fronteira com a India). Isso me machuca. E me deixa com raiva", disse Rishi Sunak nesta sexta-feira, com a voz embargada.

Nigel Farage, figura da extrema direita britânica mas que rejeita este título, terá de "responder sobre o assunto", acrescentou o primeiro-ministro. Ele explicou ainda que repetiu este insulto deliberadamente "porque isso é muito sério para não se dizer claramente do que se trata".

O ativista Andrew Parker, que insultou Sunak, e outro membro da campanha do Reform UK, foram demitidos por Nigel Farage após a divulgação das imagens, captadas dentro do partido, no distrito eleitoral de Clacton-on-Sea, no sudeste de Inglaterra.

É neste balenário que Farage espera ser eleito, depois de ter fracassado sete vezes na conquista de um assento na Câmara dos Comuns. De acordo com as sondagens, o Reform UK ficaria na terceira ou quarta posição, atrás dos Trabalhistas e dos Conservadores, em termos de intenções de voto.

Comentários homofóbicos

Andrew Parker também sugeriu que os novos recrutas do Exército praticassem tiro visando os migrantes que cruzam ilegalmente o Canal da Mancha em pequenos barcos.

Outro membro da campanha Reform UK foi filmado fazendo comentários racistas e depois homofóbicos, chamando a bandeira LGBT de "degenerada".

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Na ITV, Nigel Farage argumentou, nesta sexta-feira, que "ninguém" fez mais do que ele para "expulsar a extrema direita" da política britânica.

Ele ainda se vitimizou, dizendo que caiu em uma armadilha, porque seu partido seria o único a querer uma mudança real.

"A coisa toda é uma farsa completa", disse Nigel Farage, sugerindo que Andrew Parker, que também é ator, estaria encenando. "Não sei se ele foi pago ou não", "eu digo que é possível, não sei, há algo de errado nisso", disse.

"Provocado"

Mas Andrew Parker falou à agência de notícias britânica PA e deixou bem claro que separa o seu ativismo dentro do Reform UK e a profissão de ator,  que ele exerce em tempo parcial.

Por outro lado, ele afirmou ter sido "manipulado" pelo seu interlocutor para fazer as declarações que foram gravadas.

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O Canal 4 negou ter feito qualquer pagamento a Parker e defendeu o seu "jornalismo rigoroso e imparcial".

"Encontramos Parker na sede do partido Reform UK, onde ele era ativista", disse o canal, garantindo que o filmou sem o seu conhecimento e não pagou ninguém por esta reportagem.

O líder trabalhista, Keir Starmer, cotado para se tornar o próximo primeiro-ministro, disse estar "chocado" com o caso e questionou a capacidade de Nigel Farage para liderar o seu partido.

Segundo a associação anti-racista Hope Not Hate, tendo em vista as eleições legislativas, o Reform UK teve de desistir de 166 candidatos desde o início do ano, muitos deles tendo feito comentários racistas ou ofensivos.

Com informações da AFP

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