França alerta para alta do número de casos de coqueluche e pede "vigilância" durante Jogos Olímpicos

A Santé Publique France, a agência de saúde francesa, alertou nesta sexta-feira (28) para o aumento do número de casos de coqueluche no país, que desde o início do ano já matou 14 crianças e levou à hospitalização outros 80 menores. Mais virulenta do que nos últimos anos, ela afeta particularmente os recém-nascidos, que são mais vulneráveis e têm uma taxa de vacinação mais baixa do que o restante da população.   

Em seu relatório, a agência francesa pediu mais "vigilância" antes do início dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos" em Paris, especialmente em relação aos pacientes com comorbidades. A coqueluche, segundo o documento, tem ciclos de contaminação a cada três ou cinco anos. Na última década, 2017 foi o ano que registrou o maior número de mortes de menores de 15 anos, com dez óbitos, contra apenas três em 2023, por exemplo.

Os recém-nascidos de menos de dois meses, muito jovens para serem vacinados, são os mais afetados por formas graves, hospitalizações e mortes. Dos 14 óbitos registrados desde janeiro, 13 tinham menos de dois meses de idade e uma criança morreu de insuficiência respiratória logo após contrair a bactéria Bordetella pertussis, que causa a doença. Ela provoca, no início, uma tosse seca prolongada e intensa, que pode vir acompanhada de outros sintomas.

"Vemos entre crianças que ainda não estão vacinadas formas dramáticas de coqueluche, com hospitalizações em terapia intensiva e, às vezes, desfechos fatais", disse à AFP Philippe Sansonetti, professor do Instituto Pasteur. Segundo ele,"não é aceitável ver isso acontecer na França de hoje".

Para proteger as crianças, a Santé Publique France lembra, em seu relatório, que é importante vacinar as mães durante a gravidez, já que o feto "se beneficia da passagem pela placenta de anticorpos contra coqueluche permitindo que a criança fique protegida até que a proteção vacinal individual seja possível".   

Grávidas devem se vacinar

A vacinação de grávidas permite, para crianças com menos de três meses, "dividir por quatro o risco da doença, reduzir pela metade o número de hospitalizações e em 95% o número de mortes relacionadas com a coqueluche", segundo um comunicado divulgado pelo ministério francês da Saúde nesta sexta-feira.   

Em relação aos "clusters", a agência lembra que "a maioria dos casos é intrafamiliar ou ocorre em comunidades (creches, escolas primárias, médias e secundárias). Na maioria das vezes, as pessoas não estão em dia com a vacinação", diz o relatório.

Segundo Sansonetti, há "um problema na hora de tomar o reforço", que é essencial na coqueluche. A nova geração da vacina, diz, é "extremamente bem tolerada, mas não têm a mesma eficácia e duração de proteção" que o imunizante mais antigo, com mais efeitos colaterais, mas que trazia uma resposta imunológica maior.

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Bebês correm mais risco

Os bebês podem, de fato, ser contaminados por crianças pouco antes do reforço de seis anos.  A vacinação contra a coqueluche é obrigatória para crianças aos dois, quatro meses e um reforço aos 11 meses.  Além dos reforços aos 6 anos e depois entre os 11 e os 13 anos, também está prevista outra injeção aos 25 anos. 

O ressurgimento da doença afeta toda a Europa: o ECDC (Centro Europeu de Controle de Doenças) já havia registrado mais de 32 mil casos entre 1º de janeiro e 31 de março de 2024, em comparação com 25.130 casos em 2023. No Reino Unido, desde janeiro, 181 bebês com menos de três meses foram diagnosticados com coqueluche e oito morreram.   

Em todo o mundo, há cerca de 40 milhões de casos e 300 mil mortes a cada ano, de acordo com dados citados pela agência francesa.

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